GERAL

Alexandre de Moraes acusou, agora é crime

Ninguém sabe, ninguém viu. Não há testemunha das tais agressões supostamente feitas contra Alexandre de Moraes. Também não há imagens das tais agressões. Não há nada, até o momento em que escrevo esta coluna, uma semana após as tais alegadas agressões. Mas se Alexandre, o grande, diz que houve, todos acreditam e endossam.

Todos, claro, que têm medo de contraditar o ministro que comanda com mão de ferro o Judiciário brasileiro, que bota no calabouço qualquer um que ouse contestar a lisura dos iluministros supremos que se confundem com a própria democracia. Todos que ganham oportunisticamente, em se tornar aliados da suprema autocracia que rege o país.

A Rede Globo foi a primeira a não só acreditar no relato do ministro, como endossar, ratificar e condenar, peremptoriamente, sem prova, sem investigação, as três pessoas como agressores, num dos mais bizarros momentos momentos de anti-jornalismo da história. A mesma Globo que condenou, de maneira acintosa, pessoas inocentes por estupro no caso da Escola Base, num dos mais sórdidos exemplos de incompetência jornalistica sensacionalista. A mesma Globo agora, sem uma mísera prova, sem nenhum indício de investigação, acusa, em pleno Jornal Nacional, de agressão, três pessoas que negam a tal agressão. Expõe seus nomes, identidades e CPFs ao linchamento e massacre público.

Lembrar que hoje, no Brasil de Alexandre, o supremo, uma crítica acerba que se faça ao ministro ou a qualquer um dos supremos pode ser compreendida por ataque às instituições e atentado ao estado democrático de direito. Piada? Pois bem: sem provas, sem imagens das tais agressões, a iluminista Rosa Weber ordenou um mandado debusca e apreensão na casa dos supostos agressores. Celulares, computadores, cartas, bilhetes, mensagens pertences revirados em busca de qualquer coisa que possa envolvê-los em atos golpistas. Já estão inseridos nos inquéritos de atos antidemocráticos.

Ousar criticar — tanto mais pessoalmente — um ministro supremo virou terrorismo, crime nacional. E é claro que tudo e qualquer coisaque tenha sido encontrada nas mensagens dos supostos agressões se transformará em parte do plano diabólico coletivo de “bolsonaristas”para derrubar o Estado e a democracia brasileiros. Uma palavra contra o TSE , uma menção à fragilidade das urnas eletrônicas, uma ironia contra a calva de Alexandre e tudo será transformado num plano coletivo contra a democracia.

Todos os juristas minimamente conscientes do país se mostram estupefatos diante de tamanho atropelo às leis. O princípio básico da Justiça é o senso de proporção. Uma mulher que rouba um prato de comida não tem, por óbvio, a mesma pena de um homem estuprador em série. Agora, alguém que ousa apontar o dedo e criticar um ministro num aeroporto é comparado a alguém que quer dar um golpe de estado mediante violência. Isso sem dizer que não há sequer indícios ou provas mínimas de que essas agressões ou xingamentos de fato ocorreram. Tudo baseado na sacrossanta e inviolável palavra de Alexandre, o supremo. “Uma Suprema Corte que age como ator político que descompensou o processo eleitoral e tem perseguido, censurado e prendido toda a direita brasileira”

Diante da jurisprudência da perseguição imposta pelo STF que tem censurado, desmonetizado e prendido pessoas por crime de opinião,a grande mídia, inspirada pela suprema Globo, segue o caminho dacondenação sumária de tudo que tenha o cheiro de bolsonarismo. A ordem geral é destruir o bolsonarismo, como manda o outro supremoBarroso, que não só disse que derrotou o bolsonarismo, como ocompara a crimes de tortura e a um regime ditador. Bolsonarista, a bem dizer, é todo aquele que enxerga prisões arbitrárias, censura prévia, perseguição perpetradas pelo Supremo, como, estas sim, reais agressões à liberdade democrática; bolsonarista seria quem enxerga a parcialidade de uma Suprema Corte que age como ator político que descompensou o processo eleitoral e tem perseguido, censurado e prendido toda a direita brasileira, de jornalistas aautistas e senhoras de idade pelo crime de rezarem por liberdade naporta de quartéis generais.

E é neste séquito de bajuladores deste Judiciário autocrata e perseguidor que a Rede Globo, grande mídia e pequenos bajuladores de tiranos vêm se unir condenando sem investigação todo aquele pela suspeita do crime de ser bolsonarista. Uma crítica, uma desconfiança e tome linchamento público e mais cem anos de cadeia por terrorismo, golpismo e atentado ao estado. Para arrematar, o presidente Lula, numa fala que faria orgulho ao mais infame nazista, disse que “esta gente”, referindo-se aos supostos agressores, deveria ser tratada como animais selvagens e ser severamente punida. “Esta gente” leia-se também todos que não votaram nele, Lula; todos querepudiam a ditadura de toga imposta ao país, todos aqueles que ousam criticar e desconfiar. A Globo aplaude. O Supremo aplaude. Os bajuladores da tirania aplaudem. Temos a suprema ditadura perfeita. 

Judiciário, Executivo e imprensa unidos para impor um sistema único de pensamento. Centenas de presos políticos acusados sem prova. Vidas condenadas reviradas e destruídas sem prova. Sessenta milhões de pessoas investigadas por simplesmente seguirem um presidente nas redes sociais. Uma crítica num aeroporto é um crime de lesa pátria. Toda palavra, todo pensamento serão castigados. É o conluio perfeito para a ditadura imposta pelo medo. Só se esquecem que são dezenas de milhões de brasileiros contra uma elite espúria que quer “derrotar”essa maioria. Basta o povo despertar do medo para não se tornar covarde como os seus representantes. Medo todos têm. Coragem é enfrentar!

Adrilles Jorge

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