Outubro de 1977: Ernesto Geisel demite Sílvio Frota !!!
Rumores, no entanto, começavam a circular desde cedo. Em vez de gozar a folga, todos os funcionários civis e militares do Palácio do Planalto estavam convocados para o trabalho. Na sede do Executivo, foram substituídos os contingentes e sentinelas do Batalhão de Guardas pelos soldados, aliás reforçados, do Regimento de Cavalaria.
Por volta de oito da manhã, o presidente Ernesto Geisel já se encontrava no Palácio, junto com seus principais auxiliares, o chefe do Gabinete Civil, general Golbery do Couto e Silva, o chefe do Gabinete Militar, general Hugo Abreu, o chefe do SNI, general João Baptista Figueiredo, o secretário particular, major Heitor de Aquino, e até o secretário de imprensa, economista Humberto Barreto.
Um bissexto repórter credenciado no Planalto, Evandro Paranaguá, de O Estado de S. Paulo, por acaso passava de carro pela Praça dos Três Poderes quando estranhou a entrada, no Palácio do Planalto, pela garagem, de quatro carros negros em comitiva, três da segurança e o do meio, com o ministro do Exército, general Silvio Frota, fardado e, como sempre, de cenho fechado no banco de trás.
Frota não despachava com o presidente Geisel há semanas, os rumores eram de estremecimento entre eles, já que o ministro do Exército, se não estimulava, ao menos aceitava seguidos pronunciamentos de parlamentares em favor de sua candidatura à presidência da República, em nome da linha dura, grupo militar infenso às esperanças de que um dia Geisel desenvolveria a abertura política, atenuando as tenazes da ditadura.
Apenas os dois generais sentaram-se à mesa de reuniões do gabinete presidencial. As versões depois divulgadas deveram-se obviamente a um deles, no caso, o presidente Geisel. O tonitruante chefe do governo foi logo ao assunto:
” – Frota, nós não nos entendemos mesmo! Quero que você se demita!
Seguiram-se adjetivos pouco vernaculares referentes às genitoras de ambos e, depois, a saída do ministro do Exército, batendo a porta.
O general Silvio Frota seguiu para o seu gabinete no Setor Militar Urbano, o Forte Apache, como era chamado, verificando-se um episódio até hoje não contado, por falta de provas: quando a comitiva entrava no túnel privativo do ministro, no Quartel-General, rumo ao elevador que levava ao seu gabinete, ouviu-se um estampido.
Em sua sala, surpreendido pela iniciativa de Geisel ao demiti-lo, coisa que não esperava, Frota começa a reunir suas forças! Não aceitaria a demissão e manda telefonar para os comandantes dos quatro Exércitos (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife), além do comandante militar da Amazônia.
Pobre estrategista, o ministro, porque desde a véspera os comandantes militares haviam sido avisados por coronéis do Gabinete Militar da presidência da República que algo de grave aconteceria em Brasília, mantendo-se preparados para vir à capital federal, dirigindo-se imediatamente ao Palácio do Planalto.