Tablets em sala de aula !!!
Novidades tecnológicas incorporadas a sala de aula tornam-se rapidamente manchetes nos jornais, revistas, internet ou mesmo na televisão. As escolas que primeiro as aplicam ganham mídia. Num mercado competitivo e disputado como o educacional isso pode ser um diferencial a favor destas escolas que saem na frente. Mas devemos sempre pensar qualquer aparato tecnológico incorporado a educação do ponto de vista didático, quanto as possibilidades surgidas com a utilização das mesmas ou ainda pensando como (e mesmo se…) tais ferramentas agregam valor para os procedimentos em sala de aula.
Os recém surgidos tablets, por exemplo, já estão se tornando alvo da mídia quanto ao seu uso e aplicação em escolas, desde unidades que atendem a educação infantil até as universidades. A introdução desta ou de qualquer ferramenta tecnológica depende de estudos e planejamento.
A utilização deve ser precedida, por exemplo, por um conhecimento prévio do recurso pelos profissionais que o utilizarão com os alunos. No que se refere a isso, diante das possibilidades oferecidas quanto a softwares e conexões oferecidas nestes equipamentos, já é necessário algum tempo até que estes educadores se apropriem das ferramentas ali contidas.
Se isso já é um desafio que certamente deve tomar algum tempo, imagine então pensar nestas ferramentas quanto ao uso pedagógico. Não estou querendo com isso brecar o afã que existe em muitos educadores ávidos pela introdução destas tecnologias nas escolas. Apenas menciono tais questões diante da real necessidade de nos prepararmos adequadamente para a utilização de tablets ou qualquer outro aparato tecnológico para que realmente seja usado com propósitos pedagógicos claros para todo mundo, em especial para os próprios alunos.
Utilizar apenas para agregar valor para a escola, como ferramenta de marketing pode ser um tiro no pé se o projeto minguar e não trouxer reforço considerável para a aprendizagem.
Neste sentido, antes da utilização dos tablets ou outras tecnologias cabem considerações importantes como:
– Quais as finalidades que estão motivando o uso destas ferramentas juntamente aos meus alunos?
– O uso destas tecnologias é adequado a faixa etária dos alunos?
– As atividades pensadas para o uso deste recurso compõem como elemento que reforça as demais estratégias e trabalhos realizados juntamente ao grupo de estudantes?
– Como fazer com que o encantamente pela ferramenta não ofusque os objetivos didáticos previstos para as atividades com estes recursos?
– De que modo focar na atividade e evitar que os alunos dispersem e naveguem na web nestas ferramentas por outros sites que não os indicados pelo professor?
– Quais as melhores estratégias para se trabalhar com estas ferramentas tecnológicas?
– Que outras experiências já foram ou estão sendo desenvolvidas com estes recursos visando a aplicação em educação?
– De que modo compor o uso destas tecnologias com recursos e práticas regulares utilizadas em sala de aula?
É igualmente necessário que exista um plano de ação articulado pela escola, com a participação e envolvimento dos educadores, pensado como um projeto a ser aplicado após os estudos prévios dos professores, acompanhado quanto aos resultados obtidos e documentado para compor futuras ações ainda mais consistentes.
Penso ainda que, no que tange as faixas etárias, a introdução em idades prematuras como a educação infantil ou mesmo os primeiros anos do ensino fundamental é um risco que deve ser muito bem calculado. Como produto a ser oferecido aos pais, igualmente seduzidos pelas tecnologias e sequiosos de novidades que possam conferir maior status a escola de seus filhos é certamente uma preciosidade para muitos.
O primordial, no entanto, é perceber se a utilização destas ferramentas não irá deslocar o foco destes pequenos alunos, iniciando seus estudos, de atividades, relacionamentos e recursos com os quais necessariamente tem que lidar nesta faixa etária. Estas crianças precisam brincar e socializar com outras crianças, carecem da introdução a noções e conceitos básicos que os auxiliarão em suas etapas posteriores de formação, devem ser introduzidas aos livros e nutrido seu apego e carinho por eles, necessitam de atividades físicas e lúdicas para seu pleno desenvolvimento psico-social e físico e, ainda, começam a ter um contato mais intenso e vívido com a cultura e a ciência.
De qualquer modo, imprescindível mesmo é que os processos de ensino e aprendizagem sejam sempre reforçados por novos recursos e que, para isso, é preciso primeiro fazer a lição de casa, ou seja, esmiuçar tais ferramentas e realizar um planejamento de uso que permita os melhores vôos possíveis com estas tecnologias em sala de aula.
Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras