CAÇAPAVA e região

Síntese histórica de Caçapava – Parte 2 !!!


Texto produzido pelo Prof. João Damas Nogueira, escritor e membro da Academia Caçapavense de Letras!

  

Em junho de 1875, o vereador Francisco Mariano de Assis requereu o alinhamento do cemitério para ser vedado o sepultamento de cadáveres no terreno onde seriam feitas duas vias públicas (a rua 3 e 7 de Setembro vinha até junto às cercas do cemitério, fazendo parte do largo S.Benedito, limitando-se com o “beco do sapo” – atual Rua Cel. José Guimarães – e a antiga travessa S.Benedito, depois Rua S.Benedito e Rua Municipal saía da esquina da “Rua Direita” e ia até às cercas do cemitério, onde terminava – atual Av.Cel.Manoel Inocêncio).

Isso só se resolveu em 1878 quando a Câmara comunicou ao vigário para que procedesse à profanação da referida parte, ficando acertado que a Prefeitura faria os muros e mudaria o portão de entrada. Esses trabalhos só se concluíram em 02/09/1879, na data em que foi benzido um novo cemitério nos subúrbios da cidade – o Cemitério da Av. da Saudade .
Procedeu-se à profanação de todo o terreno restante no largo S.Benedito (antes ocupado parcialmente pelo cemitério) e a mudança total dos despojos de inúmeros outros túmulos só terminou em 1880.

A antiga Igreja de São Benedito foi ampliada, reformada e embelezada, entre 1886 e 1894 e era na escadaria desse velho templo, que, a partir de 1900, se realizavam as retretas da Banda de Música Municipal, regidas por maestros como Antônio Egídio dos Santos, Henrique Escudero e outros.Em 1938 a Igreja foi totalmente demolida, acabando-se com ela uma época de saudade e reminiscências…

Os serviços municipais sempre foram mantidos em casas particulares e sabe-se que desde 1880 já havia sido escolhido o local para ser edificado um prédio próprio municipal, no quadrilátero da atual Av.Cel.Manoel Inocêncio e o então “caminho” do que seria a Rua 14 de Abril.

Mas nada de concreto se realizava e só em 1889 é que a 1a Intendência Municipal deu início às obras e em fins de 1893 o prédio ficou concluído, tornando-se o belo edifício do “PAÇO MUNICIPAL” , sede dos serviços da Câmara, dos Vereadores, Justiça, Cartórios, Polícia, Fórum e Tribunal do Júri.

Neste majestoso edifício, a partir de 1939 foi instalado o Ginásio Municipal de Caçapava e em 1962 ele foi inteiramente remodelado, sendo atualmente a sede da E.E. “Prof. João Gonçalves Barbosa”.

Os primeiros agricultores e comerciantes do arraial de Caçapava se reuniam, ao relento, para negociarem seus produtos primários num espaço denominado “da quitanda” no descampado do Largo São Benedito. Após 1865 transferiram-se para o “lugar das taipas”, o que sobrou da demolição do que seria nossa primeira cadeia pública (a grande área que abrangia onde agora é o Clube Jequitibá, o Banco Bradesco, uma parte pequena da atual Praça da Bandeira e outro espaço desocupado, que agora forma o quarteirão próximo ao Banespa)

Era o Largo da Quitanda, que serviu de “mercado” até fins de 1889, quando a Câmara Municipal resolveu construir nosso “primeiro mercado velho”, no lado oposto do citado espaço e que só ficou pronto em 1890, localizando-se desde a esquina da Rua 7 de Setembro, uma faixa da atual Praça da Bandeira, o prédio do Correio, as casas das famílias Alvarenga e Barreto, o prédio do atual Bradesco e parte do Clube Jequitibá. Aí ele existiu até 1938, quando foi transferido para o local onde agora se instalam a Loja Cem e a Casa São Judas Tadeu (peças e materiais automotivos). Neste local provisório o “2o mercado velho” permaneceu até 1946, ocasião em que foi removido para o atual Mercado Municipal, inaugurado oficialmente a 04/07/1946, na gestão do prefeito nomeado Dr. Rosalvo de Almeida Telles.

Até 1893 não havia na cidade uma casa de espetáculos para as apresentações de companhias teatrais. Alguns caçapavenses organizaram a Empresa de Teatro de Caçapava e conseguindo a concessão do terreno situado na esquina da então Rua Municipal (paralela ao Largo São Benedito) e a “Rua do Sapo” (atual Rua Cel. José Guimarães), iniciaram a construção de um ótimo prédio.

Aí, em 1896, se instalou o “Theatro Municipal”, resultado auspicioso que veio de encontro com as aspirações do povo e, nessa casa de diversão, muitos artistas se exibiram em sensacionais espetáculos; serviu ainda para a instalação dos nossos primeiros cinemas – o Cinema Elgê, de 1901 a 1908; o Cinemam Victoria, de 1909 a 1928; o Cinema Elite, de 1928 a 1930 e um outro Cinema Vitória, de 1930 até 1944.

Então, o lindo prédio foi reformado e adaptado e, desde 1944 passou a abrigar a Prefeitura e Câmara Municipais.

A primeira sociedade recreativa organizada em Caçapava foi o Clube Recreativo e Literário de Caçapava, em 1906, que inicialmente funcionou em algumas casas da cidade, inclusive no prédio do “sobrado”, de propriedade de D.Domitila de Freitas Guimarães, desde o falecimento de seu marido, o Coronel José de Souza Guimarães.

O sobrado que se erguia no Largo S.Benedito foi demolido em 1952 e em parte de sua área está hoje o prédio da farmácia Droga Raia.

Quando em 1938 o 1o Mercado Velho foi demolido, a Prefeitura alienou o terreno para vendê-lo e com o dinheiro arrecadado construir um novo mercado.

O Clube Recreativo ganhou a concorrência, dívida paga em parcelas diversas e, em 1939, iniciou-se a construção de seu prédio, que ficou pronto em 1941.

Em 1958 foi fundado o Clube Jequitibá, no Bairro do Campo Grande e dez anos depois se fundiram o Clube Recreativo e Literário com o Clube Jequitibá, formando uma agremiação que a 04/10/1968 passou a se denominar Clube Recreativo Jequitibá, ficando com duas sedes – da cidade e do campo.

Uma antiga aspiração do povo sempre foi o da criação de um grupo escolar público, em prédio próprio e, desde 1902 o vereador Manoel Esteves da Costa Salgado trabalhava para que a Câmara doasse ao Governo Estadual o terreno situado na frente do antigo Largo da Matriz, para ali se levantar o edifício apropriado do grupo escolar.

A situação só se resolveu em 1906 quando conseguiram a atenção e o apoio do governador paulista, Dr.Jorge Tibiriçá e então as obras se iniciaram em março/1906, sob a responsabilidade do engenheiro Carlos Browne e edificada por vários artífices liderados pelos irmãos Domingos, Francisco e Manoel Azevedo, excelentes empreiteiros portugueses aqui radicados,sendo certo que em abril de 1907 tudo estava pronto.

A inauguração oficial se deu a 27/04/1907 e no princípio de maio as aulas começaram. A Câmara Municipal representou ao governo estadual para que a escola tivesse Ruy Barbosa como patrono e, em 02/01/1910, o estabelecimento de ensino de primeiras letras passou a chamar-se GRUPO ESCOLAR “RUY BARBOSA”, que se tornou o orgulho e tradição para todos nós.

Destinada às crianças de 4 a 7 anos de idade a professora Dona Francisca de Salles Damasco, desde 1909, atuava numa sala que ficava dentro da capela de São Benedito, dedicando-se integralmente “às suas crianças”.

Em 1928 a prefeitura resolveu demolir a veneranda igreja e o fato iria, sem dúvida, prejudicar suas atividades docentes. A excelente residência do padre Ataliba de Assis Pereira ficava no Largo São Benedito e, após seu falecimento em 1917, a mãe e a irmã não tinham recursos para poder quitar o resto da dívida da construção (o que ganhavam como costureiras não era suficiente). Por pura sorte conseguiram alugar o grande solar ao casal Armando de Paula Costa, que o transformaram na Pensão São José, a partir de 1918, mas, em fins de
1928, a pensão faliu sem condições de funcionamento e o aluguel parou…

A mãe D.Chiquinha e a filha D.Arlinda tiveram que voltar a morar na enorme casa e, conhecedoras das dificuldades da amiga Francisca propuseram que ela se mudasse para a grande residência e todas lá morariam e ainda sobrava bastante espaço para a escola funcionar. A professora aceitou o convite e, amparando-se mutuamente, instalaram-se naquela enorme casa, onde as aulas de seu Jardim de Infância puderam continuar. E, no final, a prefeitura repensou a situação e resolveu não mais derrubar a velha igreja, porém, agora, a Escola estava otimamente instalada.

Então, o Jardim da Infância “Dona Marocas” (nome e homenagem à sua mãe) funcionou bem até 1949/50, como um modelar estabelecimento de ensino dedicado à educação de crianças, atendendo a muitas centenas de alunos.

No fim desse período, já falecidas as donas do prédio, a Escola se mudou para a Travessa Dr.Freitas, onde ainda resistiu por mais alguns anos (1950/51). Dona Francisca (chamada por todos de Dona Marocas) veio a falecer em 12/08/1953, causando consternação geral na cidade, que a amava e reconhecia seu espetacular trabalho em prol de “suas crianças”.

Foi no ano de 1902, repleto de realizações sociais em nossa Caçapava, que alguns cidadãos uniram esforços para conseguir um Hospital para a cidade, formando-se a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, que depois de muita luta, durante anos seguidos, conseguiu, finalmente, em 01/11/1911 a solene instalação do nosso Hospital de Nossa Senhora da Ajuda, no prédio da esquina da Ladeira São José com a Rua Cel.João Dias Guimarães.

Já agora como Associação Beneficente de Caçapava, juridicamente constituída, todos colaboravam, por anos seguidos, prestando ótimos serviços à população, enquanto também angariavam fundos para conseguir construir novas instalações, maiores e mais adequadas, a fim de melhor atender às necessidades do município. Conseguiram o terreno cedido pela Prefeitura e a 25/04/1920 lançaram a pedra fundamental da nova construção, a 07/09/1921 foi colocada a primeira telha e em julho de 1925 a obra estava pronta…!

Porém a inauguração oficial do belo edifício se deu a 21/06/1925, mesmo ainda faltando alguns serviços, tamanha a necessidade e ansiedade da Comissão de Obras de entregar à cidade o novo Hospital.

A Prefeitura Municipal pela Lei Municipal de 10/09/1925 fez a doação oficial do terreno do prédio, para todos os direitos legais. É o belo edifício, reformado várias vezes, ampliado outras tantas, que tem servido às necessidades da população caçapavense.

Nossa gloriosa alvi-celeste, nossa querida Associação Atlética Caçapavense dos bons tempos, é o resultado da vontade de um grupo de jovens que queriam, e muito, jogar futebol e que foram à luta para realizar seus ideais.

O esporte bretão empolgava a todos e em nossa cidade as atividades esportivas não tinham local adequado para ser realizadas. Resolveram escrever uma carta ao Conde Álvares Penteado, de São Paulo, comunicando-lhe que haviam fundado uma agremiação esportiva, denominada “Esporte Clube Álvares Penteado” e solicitavam dele o envio de uma bola de futebol para a inauguração do clube, e, vejam só, para surpresa e alegria geral, conseguiram uma ótima bola e uma expressiva carta do Conde Penteado. Firmou-se, daí por diante, a idéia forte de, em verdade, fundarem uma associação esportiva de futebol.

Ao grupo já existente associaram-se outros amigos. Então, foram convocados todos os interessados que se reuniram no “Cassino Caçapavense”, cedido pelos proprietários, para fundar o clube e tornar realidade o velho sonho. E aí, em Assembléia Geral, num ensolarado domingo, dia 14/12/1913, fundaram o sonhado e desejado clube e escolheram seu nome: Associação Atlética Caçapavense.

Alugaram um pasto pertencente ao Sr. Benedito Ferreira de Morais, no Bairro da Vera Cruz e transformaram-no num campo de futebol, onde inesquecíveis partidas futebolísticas acontecera!