Os que moram na mala !!!
Há quem more, ou pelo menos tente morar, em Fortaleza, Belém, Recife e Salvador. Minha mulher possui uma colega que consegue morar em Buenos Aires! Em Porto Alegre e Curitiba há uma quantidade inacreditável de tripulantes que estão sempre vindo para São Paulo para assumir programação de voos e em seguida tentando retornar para suas casas. Digo tentando, porque os passes de viagens dos tripulantes só dão direito ao embarque se houver disponibilidade de assentos. Na área do Rio de Janeiro (incluindo Niteroi, Petrópolis e Teresópolis) há uma verdadeira “base fantasma”, tamanha é a quantidade de tripulantes que se recusam a deixar a “Cidade Maravilhosa”, já que com o fim da “velha Varig” a base Rio foi extinta. As empresas não fazem objeção ao fato do tripulante morar onde quer que seja, desde que ele se apresente no local e horário previsto.
Quando eu entrei na Varig, poucos eram os que moravam fora de São Paulo ou Rio de Janeiro. Naquela época, até completar um ano de “casa” os passes eram limitados a um por mês, então o jeito era escolher entre SP ou RJ e fixar residência. Com o tempo a política de concessão de passes e passagens foi ficando mais liberal e um verdadeiro êxodo ocorreu em direção a outras cidades. Florianópolis foi uma das cidades que acolheu dezenas de tripulantes, sejam eles de lá mesmo ou de outras cidades. Belo Horizonte também tem uma legião de tripulantes que lá moram.
Estas pessoas que moram fora se sentem felizes por residir onde desejam. Estão perto dos familiares, próximo aos amigos, da família do marido ou da mulher, moram em frente a praia, num rancho junto a mata, em cidades do interior, em casas grandes confortáveis, enfim, conseguem ter uma boa vida e principalmente, proporcionar à suas famílias uma qualidade de vida que não teriam em São Paulo. Em compensação, não é fácil para eles estes deslocamentos de/para São Paulo. Além de depender de vagas nos voos, ficam a mercê das condições meteorológicas dos aeroportos, eventuais problemas de manutenção, caos aeroportuário, e outros contratempos. No regresso a suas casas após uma programação, atrasos e imprevistos são chatos, mas não são tão estressantes. O problema é quando o tripulante está se deslocando para São Paulo com a finalidade de assumir voo, com horário a cumprir, por isso um bom planejamento é essencial. O tripulante precisa ter em mente quais são as opções de voos do dia, e nunca se planejar para pegar o último. Deve levar em consideração se é domingo ou final de feriado, bem como se haverá nevoeiro na área do aeroporto. Além disso há a questão da senioriodade e antiguidade na empresa, já que quando resta poucos assentos no avião, é ela quem determina a prioridade para embarque. Em primeiro lugar os comandantes, depois os copilotos e finalmente os comissários, sendo que entre o mesmo grupo, leva a melhor quem tiver mais tempo de casa naquela função. Assim, é comum o copiloto novinho e principalmente o comissário novinho, “sobrar” e ter que tentar embarcar no próximo voo.
Todo este pessoal que mora longe e depende de voos para vir à São Paulo, frequentemente precisam pernoitar por aqui. Há um grande grupo que não possui local fixo para ficar, e assim, ficam em um hotel próximo a Guarulhos ou a Congonhas. Um outro grande grupo divide um apartamento com outros colegas que vivem a mesma situação. Sempre próximo ao aeroporto, estes apartamentos podem ser compartilhados por vários tripulantes, que na verdade quase não se encontram, pois eles ficam muito pouco por aqui já que estão sempre arranjando um jeito de voltar para suas casas. Que tal oito pessoas dividindo uma “kitnet” de trinta metros quadrados? Por fim, há os que não ficam em hoteis e também não dividem apartamento com ninguém. Estes, ficam no aeroporto e quando necessitam de um sono podem optar por um cochilo em confortáveis poltronas localizadas em uma sala de descanso nas dependências da empresa ou ainda no “Fast Sleep”. O Fast Sleep é uma espécie de mini hotel dentro do terminal de passageiros do aeroporto de Guarulhos, e possui acomodações pequenas, limpas e silenciosas, providas ou não de banheiro privativo em que a cobrança é por hora. Então é comum que os tripulantes descansem por períodos de cinco ou quatro horas durante as madrugadas.
Eu não acho que este esquema de morar em outra cidade seja bom, não funcionaria para mim. Mas eles gostam e juram que assim conseguem ter uma qualidade de vida melhor. Há um colega que mora em Toledo/PR, que fica a 160 quilômetros de Foz do Iguaçu. Ao desembarcar em Foz ele pega pelo menos mais duas horas de estrada para chegar em casa. Ele diz que vale a pena, já que toda a família dele e da esposa são de lá. A mulher dele tem um bom emprego e a sogra ajuda na criação dos filhos. Ele consegue ir para a casa a cada dez ou quinze dias, fica um pouco e volta para São Paulo. Uma outra colega, copiloto da empresa, mora em Curitiba. Tudo bem, Curitiba é perto, porém há o problema constante do nevoeiro na região do aeroporto Afonso Pena, além disso, ela voa preferencialmente na escala bate-volta saindo e ghegando de São Paulo, pois possui filhos pequenos e para complicar um pouco mais, o marido dela também é copiloto e portanto vive fora de casa. Que vida é essa?
Ultimamente tenho visto uma movimentação em ambos os sentidos por parte de alguns colegas. Alguns que por anos moravam em São Paulo, decidiram voltar para suas cidades de origem e hoje estão em Porto Alegre, Campo Grande ou Brasília. Outros, cansados de “viver na mala”, estão fazendo o inverso e se mudando de vez para São Paulo com o intuito de se adaptar e tentar tornar a vida mais fácil. Sei que a vida em São Paulo não é simples, seja pelo custo de vida, violência, trânsito infernal e outros tantos fatores. Mas me sinto um felizardo por ter toda a minha família aqui e principalmente, por gostar de morar nesta cidade tão complicada.
Olá!
Adorei o texto e me identifiquei muito com tudo o que vc escreveu. Vou começar o treinamento na Gol agora em abril, moro em Fpolis, tenho um filho aqui que mora com meu ex-marido, meu atual marido está morando em Curitiba, trabalha no BB e está terminando o curso de PC, em breve tbm quer entrar pra aviação comercial… Porém, queremos permanecer por aqui,pois além de minha família, compramos nosso ap que ficará pronto em set/2012. Vamos ver se vamos conseguir essa proeza de estar lá e cá, hehe. Fico com medo de perder horários e tal, sou muito comprometida, e acabo me estressando com atraso, então vou ter que estudar tudo muito antes destas idas e vindas, rsrs.
Muito bom mesmo o texto!
Abraço!
Maya.
Prezado amigo e irmão Cróvinho: O Corinthians sempre terá espaço em nosso blog e nossas homenagens ao grande Timão, encontram-se na postagem: “Homenagem do Taiadablog aos 100 anos do nosso querido Timão”, do dia 31.08.2010.
Informo também, que, ao contrário do estádio dos “bambis”, o do Corinthians não está sendo feito com dinheiro público, ok?
Forte abraço!
Já que não tem espaço de comentários para o título do blog, 100 anos de Corinthians, faço meu comentário aqui mesmo, certo?
Depois de 100 anos, só agora vai construir um estádio. Fala sério. E os títulos, cadê?
Os “Bambis”, 70 aninhos de existência, não só tem estádio como é o time mais vitorioso do Brasil. Seis brasileiros, três libertadoes e três mundiais. Hehehe.
Clovis Cunha