Os drones brasileiros !!!

Ainda pelas beiradas do noticiário, a indústria aeronáutica brasileira caminha a passos largos na produção de drones, aviões teleguidados, também chamados de vants. Se espelha na impressionate indústria americana dessas aeronaves, que hoje já têm em seu comando mais pilotos remotos que os da aviação convencional de guerra. E a febre se espalha pelo setor privado.
O Sarvant
Há dez anos, antes das guerras do Afeganistão e Iraque, os EUA não tinham mais que 50 drones em operação. Hoje são 7 mil só nas forças armadas, no momento que o congresso americano aprovou, em fevereiro, uma lei liberando o uso dessas pequenas e capazes aeronaves para uso privado urbano e rural. Todo mês levantam voo nos EUA mais de mil novos vants civis, já superando a produção dos militares.

O Brasil corre atrás, tanto em aparelhos militares como civis. Empresas vêm sendo formadas, como as diversas subsidiárias da Embraer, uma ilha de excelência tecnológica brasileira, já na expectativa de um programa de vants do Ministério da Defesa, de olho no mercado civil e nas exportações.

Entre outros, um desses projetos nacionais acaba de completar cinco anos, desde que a empresa carioca Santos Lab, hoje parte da Embraer, forneceu os primeiros vants à Marinha. O Exército prevê empregar os vants no apoio à artilharia, entre outras missões; a Aeronáutica, no controle de fronteiras; e a Marinha, na defesa das plataformas nas bacias de Campos e de Santos.



O Harpia
 
A corrida pelas encomendas militares vislumbra para o Brasil, como nos EUA, o posterior uso civil dos drones. Consolidam-se projetos de novas empresas nacionais, como a BRVant, instalada no interior paulista, com um projeto ainda voltado para o nicho militar. Mas há muitas outras, com destaque para a OrbiSat, da Embraer, em conjunto com AGX e Aeroálcool; a Harpia, de Brasília, uma parceria entre Embraer e Elbit, de Israel; Andrade Gutierrez Defesa e Segurança, do Rio, com a francesa Thales; XMobots, de São Carlos; e Skydrones, de Porto Alegre.

A OrbiSat já opera o primeiro projeto do mercado internacional a operar na banda P – que, em voo sobre áreas de mata fechada, “enxerga” eletronicamente debaixo da copa das árvores. Assim, a leitura permite saber a altura da cobertura vegetal, o desenho do relevo e a constituição do solo. O mapeamento envolve a coleta de outras informações, como o perfil geológico e do microclima.

A empresa fornecerá o equipamento usando primeiro um vant turboélice, construído pela Aeroalcool, de Franca-SP. O conjunto aviônico é da AGX, de São Carlos-SP. A OrbiSat faz parte da Embraer Defesa e Segurança, um polo de tecnologia e indústria de alta tecnologia. A empresa está acumulando experiência na operação por sensoriamento remoto. Contratada pelo Comando do Exército, executa o projeto Cartografia da Amazônia, que implica na produção de imagens e dados em uma área equivalente à da Europa Ocidental.

O conjunto do drone Sarvant vai trabalhar em espaços menores – fazendas, hidrelétricas, reservatórios, reservas ambientais, glebas agrícolas, campos de mineração, plataformas de petróleo e pontos de interesse estratégico para a Defesa. Em outro viés, o radar será útil em missões pontuais de patrulha, ou ainda, de busca e salvamento em florestas..

A aeronave, apenas uma entre outras em projeto e testes no Brasil, tem autonomia de 10 horas e pode mapear 500 km², em um só voo. O Sarvant, pronto para decolagem, pesa pouco mais de 140 quilos. A fuselagem, compacta, não passa de 3,2 metros de comprimento. A asa é extensa, tem seis metros de envergadura. Velocidade: 200 km/hora.

A empresa desenvolveu e está produzindo também radares digitais de campo, os M60 Saber. Permite detectar e seguir, simultaneamente, 40 alvos aéreos em um raio de 60 quilômetros, na altitude de até 5,2 mil metros. Cheio de possibilidades, o M60 é capaz de apontar helicópteros pairando no ar , caças em voo rasante e objetos em deslocamento lento, na faixa de 32 km/ hora.

O radar pode trabalhar integrado a uma rede de 12 diferentes armas. Precisa de três soldados para ser montado e de 15 minutos para entrar em operação.

Funciona assim: identificados os alvos, as informações são levadas por um programa do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro, o Sisdabra. Os dados, transmitidos em tempo real, abrangem a localização dos veículos aéreos inimigos, diferenciados por tipo – helicópteros, aviões, mísseis ou foguetes. Da mesma família, a OrbiSat projeta o M200, com alcance de 200 km. Esses radares operam interligados com os drones e brevemente versões miniaturizadas estarão a bordo deles. Tudo fabricado no Brasil. E pronto para ganhar mercado internacional.