Antigos

O naufrágio do “Príncipe das Astúrias” em Ilhabela!!!

O vapor “Príncipe das Astúrias” havia zarpado de Barcelona no dia 11 de fevereiro, com paradas em Cádiz e Las Palmas (Ilhas Canárias), de onde partiu no dia 23 de fevereiro, com destino a Santos.
Levava uma carga de 12 estátuas de bronze, componentes para a construção do Monumento dos Espanhóis do Parque Palermo, de nome “La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas”, em Buenos Aires, e um valor de 40.000 libras-ouro além de grande quantidade de metais como estanho, amianto, cobre, zinco, aços, fios elétricos e vinho português, hélices de bronze para navio, dinheiro e jóias dos passageiros e correios em geral.

Posto ao mar em Barcelona em 1913 para atender demandas de carga de passageiros para o Brasil e Prata, o navio “Príncipe das Astúrias” teria um período curto de atividades.Até hoje, o motivo do naufrágio que deixou apenas 144 sobreviventes dos 1.300 passageiros ainda é desconhecido e intrigante.

Coincidentemente, o “Titanic”, navio da empresa White Star Line de Liverpool, Inglaterra, que havia naufragado quatro anos antes, também fora construído nos mesmo estaleiro Russel & Co, em Glasgow, na Escócia. Orgulho da Marinha Mercante espanhola, o vapor tinha no comando o Capitão José Lotina.

Na madrugada daquele dia 5 de março, a forte tempestade lá fora era a única que rompia o silêncio dos passageiros que dormiam. Raios iluminavam parte do salão de festas onde a orquestra ainda tocava marchinhas carnavalescas, afinal, era um domingo de carnaval.Faltavam poucos quilômetros para a parada no Porto de Santos.

De repente, uma descarga elétrica iluminou as encostas rochosas da Ponta da Pirabura, sul da Ilhabela. Sobressaltado, o 2º piloto gritou: “É terra!”. Desesperadamente, tentou através do telégrafo passar a ordem de recuar. Porém, não havia mais tempo para evitar o desastre!

Desaparecia o “Príncipe das Astúrias”Ao bater em uma laje submersa, um grande estrondo sacudiu o transatlântico e acordou os passageiros. Após abrir-se um rasgo de 45 metros na lateral do casco, a água começou a invadir rapidamente a casa das máquinas, o que causou a explosão de duas caldeiras.

Em apenas cinco minutos, o “Príncipe das Astúrias” desapareceria na costa de Ilhabela, transformando-se no maior acidente marítimo ocorrido em costa brasileira e que vitimou os passageiros de um luxuoso navio vapor espanhol em um domingo de carnaval.Um cenário de horror se espalhou nas águas naquela região do Litoral Norte.

Após aquela tragédia, às 04h20 de 5 de março de 1916, cadáveres chegavam até a Ilha de São Sebastião, Ilha de Castelhanos em Ilhabela e Praia Grande em Ubatuba. Sobreviventes (muito deles agarrados a fardos de cortiça) e cadáveres foram recolhidos pelo navio inglês Veja.

Entre passageiros oficiais, pereceram 477 pessoas, entre elas seis mulheres e duas crianças, mas suspeita-se que estes números foram muito maiores! Depois do ocorrido, circularam boatos que o “Príncipe das Astúrias” teria sido perseguido por uma embarcação responsável pelo patrulhamento da costa brasileira, cruzador Glasgow , pelo fato de que um número aproximado de 1.000 pessoas viajavam clandestinamente nos porões do navio.

Seriam imigrantes que fugiam da Primeira Guerra Mundial que devastava a Europa.Outras versões dão conta que o vapor havia feito uma parada na costa de São Sebastião para a transferência de 11 toneladas de ouro para outro navio, mas o transtorno causado pelas ondas gigantescas e falta de visibilidade fez com que fosse levado para a correnteza até o local do choque. Há também suposições sobre o forte magnetismo da região, que chegou a causar alterações na bússola do “Príncipe das Astúrias”, provocando o acidente.

No ano de 1989, foi instalado um teleférico para o recolhimento de material do navio afundado, entre eles, garrafas, talheres de pratas, louças e metais. No ano seguinte, duas estátuas de mulheres, em bronze, foram também recolhidas. Era parte do material que iria compor o monumento “La Carta Magma y las Cuatro Regiones Argentinas”, em comemoração ao Centenário da Independência da Argentina.