A família Schurmann, que vive embarcada há 20 anos em aventuras pelos mares do mundo, anunciou ter encontrado os destroços de um submarino nazista que foi abatido pelas forças aliadas no litoral de Santa Catarina durante a 2ª Guerra Mundial.
O anúncio foi feito ontem à noite, a bordo do navio Aysso, pelo capitão Vilfredo Shurmann.
Acharam o U-Boat 513, o “lobo solitário” um dos 20 submarinos alemães que aterrorizaram as costas brasileiras na Segunda Guerra Mundial, afundando 49 navios mercantes e matando muita gente. Mas essa flotilha sofreu um forte revés, pois dez dos submarinos alemães e um italiano foram afundados no litoral brasileiro, com efetiva participação da Navy norteamericana, que instalou várias bases aeronavais no país.
O lendário U-Boat 513, o U é de
untersseboot, submarino em alemão, como os demais que atuaram nas costas brasileiras era do tipo
IX-C, também chamados de “oceânicos”, pois tinham uma autonomia de 25.000 Km, o suficiente para cruzar o Atlântico desde sua base na França ocupada, até a costa brasileira, realizando ataques e retornando.
Fizeram parte da contra-ofensiva alemã em 1943 no Atlântico Sul, para combater a ajuda de equipamentos e insumos que o Brasil enviava aos aliados. Afundavam navios do Brasil mas não atacavam os argentinos e chilenos, países tidos à época como neutros pelos países do Eixo, Alemanhã, Itália e Japão.
O U-513 foi construído no estaleiro Deutche Werft em Hamburgo, lançado ao mar em 10 de janeiro de 1942, e afundou 6 navios, antes de ir a pique num ataque de um poderoso hidroavião Martin PMD 3B, pilotado por Roy S. Whitcomb. O comandante alemão do U-513, que aos 29 anos de idade já era tido como um herói em combate no mar Mediterrâneo, cometeu um erro. Falou muito tempo por rádio com o seu comandante na Europa, e a região na qual ele estava foi detectada. O jovem capitão Friedrich Fritz Guggenberger, condecorado por Hitler com a Cruz de Ferro por ter abatido um porta-aviões do Reino Unido, não morreu, mas pagou caro, com a vida de 47 de seus 54 jovens tripulantes – só ele e mais 6 se salvaram.
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Guggenberger |
Às 7 horas da manhã do dia 19 de julho de 1943 o hidroavião pilotado por Roy Whitcomb partiu em um vôo de patrulha na área do torpedeamento do navio Richard Caswell, afundado pelo U-513 horas antes. Durante o vôo o radar da aeronave acusou a presença de uma belonave a 20 milhas, o U-513, reconhecido por binóculo na aproximação. Eram 15:30 horas, quando o avião rompeu as nuvens no mergulho de ataque. A tripulação do U-513 abriu fogo antiaéreo com os canhões que dispunham na torre. Pegos de surpresa, havia um grupo de marinheiros na água. E antes que o submarino pudesse submergir, o Martin PMD lançou 6 bombas MK-44, pegando o submarino a bombordo e boreste.
As explosões chegaram a erguê-lo, e ele afundou de proa, de bico, em um minuto. Ao sobrevoar a mancha de óleo, a tripulação do hidroavião Martin viu 20 homens se debatendo n’água. Ficou sobrevoando o local por duas horas até a chegada de outro avião, jogaram mais botes salva-vidas e em seguida o navio USS Barnergar recolheu apenas 7 homens, entre eles o comandante do U-513, Friedrich Fritz Guggenberger. Ele foi levado aos EUA como um troféu e viveu muitos anos ainda. Morreu misteriosamente nos anos 80, quando saiu de sua casa, na Alemanha, entrou num bosque ao lado e seu cadáver só foi encontrado dois anos depois, nas proximidades – fato estranho, porque tudo fora vasculhado, inclusive o local onde o encontraram.
Em pouco mais de três semanas que passou no litoral brasileiro, o U-513 afundou três navios mercantes um americano, um sueco e um brasileiro; e atacou dois nvios de guerra dos americanos. Seu jovem comandante Friedrich Fritz Guggeberger fazia por merecer a fama que tinha. Dos comandantes dos submarinos alemães aqui afundados, só Guggenberger voltou vivo.
Agora, depois de dois anos de procura do U-513, a família Shurmann vai fazer um um filme sobre o U-513. Antes, vão descer até ele, para filmar o “lobo solitário” em sua solidão perpétua no fundo do mar.