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O acidente aéreo de Milton Verdi: 72 dias esperando resgate

Caso Milton Verdi faz referência a um notório acidente aéreo protagonizado pelo piloto brasileiro Milton Verdi e seu cunhado Antonio Augusto Gonçalves, no território boliviano, em 1960.

Após um pouso de emergência numa clareira na selva, Milton passou mais de dois meses sobrevivendo à fome, sede e frio, mas faleceu de inanição, deixando anotações sobre seus últimos dias no verso de mapas e revistas. O caso comoveu os brasileiros graças às notícias que circularam na época. A aeronave foi recuperada apenas no ano 2000, com autorização da família do piloto e está exposta junto a um diorama do acidente, no Museu TAM, na cidade paulista de São Carlos.

O Acidente

No dia 29 de agosto de 1960 o piloto rio-pretense Milton Terra Verdi (São José do Rio Preto, 8 de agosto de 1934 – Santa Cruz de la Sierra, 7 de novembro de 1960) e seu cunhado Antonio Augusto Gonçalves (1936 – Santa Cruz de la Sierra, 7 de setembro de 1960) fizeram um pouso forçado com um Cessna140 numa clareira na selva boliviana, tentando concluir o trajeto entre Corumbá e Santa Cruz de La Sierra, a fim de comprar um motor de avião. Eles haviam saído da rota e fizeram a aterrissagem forçada por falta de combustível. Enquanto lutavam pela vida, o pai de Milton tentava vencer a burocracia do Estado brasileiro e conseguir ajuda por parte dos órgãos responsáveis, mas em vão. Assim, no dia 7 de setembro o cunhado de Milton não resistiu às condições adversas, pois num momento de delírio e sede extrema decidiu beber combustível do avião. Milton conseguiu manter-se vivo e lúcido por cerca de setenta dias após a morte de seu cunhado porque houve alguns dias chuvosos, além de eventualmente comer pássaros e jabutis que conseguia abater. Porém morreu de inanição, presumivelmente, entre os dias 5 e 6 de novembro de 1960. Os corpos foram encontrados no dia 24 de dezembro daquele mesmo ano e chegaram à cidade de São José do Rio Preto no dia 4 de janeiro de 1961, onde estão enterrados. Atualmente, a área do acidente se situa nas imediações do Parque Nacional y Área Natural de Manejo Integrado Kaa-Iya, próximo a Santa Cruz de La Sierra.

Os Registros

Milton ainda teve forças para escrever uma espécie de “diário” no verso de mapas e revistas que estavam na aeronave. O advogado Walter Dias, tio de Milton, reuniu, organizou e publicou tais anotações em forma de folhetins no jornal sul-riograndense “A Última Hora”, transformando-os num segundo momento no livro “O Diário da Morte: a tragédia do Cessna 140”, que até o ano de 2010 contava com duas edições esgotadas. Nos registros de Milton, relata-se como nota do nono dia uma mensagem direcionada à sua esposa:

Diorama no Museu Tam

Além do livro publicado por seu tio e do diorama do acidente no Museu Asas de um Sonho, na cidade paulista de São Carlos, o município paulista de Fernandópolis homenageou o piloto denominando um logradouro como Avenida Milton Terra Verdi.

Relata-se ainda que o túmulo de Milton Verdi, localizado no Cemitério da Ercília, tornou-se alvo de romarias e peregrinações de pessoas que levam centenas de copos d’água, simbolizando o reconhecimento por pedidos que, como acreditam, foram atendidos.