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Marinha dá 90 dias para oficiais se desfiliarem de partidos políticos

 

Presidente Lula, na chegada para o almoço com o comando da Marinha, na quarta-feira, 15 | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula, na chegada para o almoço com o comando da Marinha, na quarta-feira, 15 

A Marinha enviou aos seus oficiais uma ordem para que em 90 dias se desfiliem de partidos políticos nos quais eventualmente estejam registrados, sob risco de punição. A Folha de S.Paulo teve acesso às mensagens. O comunicado foi enviado no mesmo dia em que o presidente Lula se encontrou com a cúpula da Marinha e seria um esforço para mostrar que a “despolitização” da Força, pedida pelo presidente, está sendo feita.

A Constituição Federal proíbe que militares ativos das Forças Armadas tenham filiação partidária. Isso somente pode ocorrer quando se aposentam e vão para a reserva. Segundo a Folha, o Comando da Marinha orienta que os militares acessem o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para consultar eventual filiação de que tenham esquecido, ou que tenha ocorrido antes do ingresso no serviço militar ou até mesmo sem ciência ou consentimento.

“Com o propósito de cumprir a legislação vigente, decorrido o prazo estipulado de 90 dias sem que haja a correspondente desfiliação, serão adotadas as medidas disciplinares cabíveis em decorrência do eventual descumprimento da norma constitucional”, diz o comunicado, citado pela Folha.

Na quarta, Lula almoçou com a cúpula da Marinha, que apresentou seus programas estratégicos de defesa. Houve ainda pedidos de atenção especial do governo ao orçamento da Força, diante da necessidade de manter investimentos de longo prazo em equipamentos.

Também na tentativa de “despolitização”, na terça-feira 14, o ministro da Defesa, José Múcio, entregou ao Palácio do Planalto uma minuta de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para proibir que militares da ativa assumam cargos políticos. Hoje, para disputar um cargo eletivo, o militar deve pedir afastamento. Se não se eleger, o militar fica autorizado a voltar à ativa. Com a PEC, a Defesa quer impedir esse retorno.

Trata-se, certamente, de uma das ações coordenadas para acabar, de vez, com qualqquer hegemonia das forças armadas junto à população.