Hidrelétrica no Rio Xingu !!!
Mapa da localização da Usina de Belo Monte
A primeira, de um complexo de cinco hidrelétricas planejadas pela Eletronorte, seria Kararaô, mais tarde rebatizada Belo Monte. De acordo com o cacique Paulinho Paiakan, líder kaiapó e organizador do evento ao lado de outras lideranças como Raoni, Ailton Krenak e Marcos Terena, a manifestação pretendia colocar um ponto final às decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios. Tratava-se de um protesto claro contra a construção de hidrelétricas na região.
Na memória dos brasileiros, o encontro ficou marcado pelo gesto de advertência da índia kaiapó Tuíra, que tocou com a lâmina de seu facão o rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, aliás presidente da estatal durante o governo FHC. O gesto forte de Tuíra foi registrado pelas câmaras e ganhou o mundo em fotos estampadas nos principais jornais brasileiros e estrangeiros.
Ocorrido pouco mais de dois meses após o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em Xapuri (AC), que teve repercussão mundial, o encontro de Altamira adquiriu notoriedade inesperada, atraindo não apenas o movimento social e ambientalista, como a mídia nacional e estrangeira!
Para avançar na discussão sobre a construção de hidrelétricas, lideranças kaiapó reuniram-se na aldeia Gorotire em meados de 1988 e decidiram pedir explicações oficiais sobre o projeto hidrelétrico no Xingu, formulando um convite às autoridades brasileiras para participar de um encontro a ser realizado em Altamira (PA).
Listada no governo FHC como obras estratégicas do programa Avança Brasil, a matriz energética brasileira, que se apóia basicamente na hidroeletricidade, com megaobras de represamento de rios, tem afetado a Bacia Amazônica. Já se tem alguns estudos e até mesmo certa experiência sobre as diversas formas de reação da natureza em relação ao represamento em suas bacias, e eles indicam que não é recomendável a reprodução cega da receita de barragens que vem sendo colocada em prática pela Eletronorte”.
Moradores e estudiosos do assunto, já se assustam diante das possibilidades de enormes impactos sociais e ambientais, visto que, não obstante a grande área de floresta a ser inundada para a formação da represa, ainda tem que se pensar no elemento humano, os indígenas e os ribeirinhos por ali assentados, os quais, podem representar um desafio maior a mais este gigante de concreto!
É claro que a construção da Hidrelétrica, representará um impulso sem precedentes ao comércio local e até mesmo regional pois, certamente, o contingente de operários, veículos e máquinas, será descomunal mas, o que dizer do prejuízo ambiental?
Prezado JC: trabalhei durante longos anos na região do Rio Iriri, ao lado do Rio Xingu, e presenciei, in loco, o Encontro dos Povos Indígenas do Xingú, em Altamira, cidade de apoio da empresa em que eu trabalhava.
Foi realmente, uma situação tensa e marcante, aquela da índia Tuíra mas, muito mais do que este inesperado script, o encontro, no rastro do cometa que foi o assassinato de Chico Mendes em Xapuri, acabou atraindo a atenção do mundo todo ao assunto, atrasando, inexoravelmente, até os dias de hoje e não sei mais por quanto tempo.
Os índígenas da região a ser inundada, no meu modesto entender, somente concordarão com ma construção da usina, se forem régiamente compensados. Muito régiamente, ok? A construção desta primeira usina do Xingu, pode significar danos irreversíveis ao patrimônio ambiental da região!