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General dispensou Pelotão de Choque no dia 8 de janeiro, diz Veja

 
Para o governo Lula, o ato foi uma tentativa de golpe

Para o governo Lula, o ato foi uma tentativa de golpe | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Marco Edson Gonçalves Dias, sabia do risco dos atos de vandalismo praticados em 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O general Dias já chefiou anteriormente o esquema de segurança pessoal do presidente Lula. A informação é da revista Veja, que teve acesso a um conjunto de mensagens que revelariam ter ocorrido “no mínimo negligência, imprudência e omissão de autoridades lotadas no próprio Palácio do Planalto, particularmente no GSI”.

As mensagens foram trocadas em um grupo de WhatsApp utilizado pelo GSI e pelo Comando Militar do Planalto (CMP) para combinar procedimentos operacionais. Em 6 de janeiro, aconteceu uma reunião de representantes de segurança do Distrito Federal (DF), do governo Federal, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. O encontro serviu para montar um plano de segurança para o protesto que estava sendo convocado para o fim de semana.

A decisão unânime foi contra a autorização de manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Contudo, nas redes sociais algumas pessoas já falavam sobre a possibilidade de ações radicais. Para o GSI, no entanto, a situação poderia ser tratada como “normalidade”.

Em uma mensagem ao CMP, o órgão informou que não havia a necessidade de reforço da segurança do palácio naquele fim de semana. “Os órgãos de inteligência aguardam monitorando a capital. Qualquer mudança de cenário, informaremos de pronto“, comunicou o GSI.

GSI dispensou o Pelotão de Choque

A mensagem foi encaminhada às 14h59 do dia 6. Quase três horas depois, Garcia enviou outra comunicação ao CMP: “O secretário de Segurança e Coordenação Presidencial, general Carlos Feitosa Rodrigues, agradece o apoio dos dragões no hoje. Pelotão de Choque pode ser liberado da prontidão“. Há sempre um pelotão para proteger o Palácio do Planalto. Eles devem estar prontos para ser acionados em casos de necessidade. Mas, dessa vez, o pelotão foi liberado.

Desse modo, no fim de semana do ataque, a proteção do local ficaria sob responsabilidade de um contingente de cerca de dez homens, que atuariam como “vigilantes”. Eles iriam se revezar na rampa de acesso e nas guaritas ao redor do prédio.

No sábado 7, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) elaborou um relatório alertando sobre o risco de ataque à Praça dos Três Poderes. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, o aviso da Abin informava que as convocações para os “atos violentos e as tentativas de ocupações de prédios públicos” continuavam acontecendo.

Segundo o jornal O Globo, a Polícia Federal enviou um ofício ao ministro da Justiça, Flávio Dino, advertindo que o grupo pretendia “promover ações hostis e danos” “contra os prédios dos ministérios, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF”.

Mesmo com todos os avisos, não houve nenhum pedido de reforço. “Não houve mais nenhuma manifestação no grupo sobre o assunto até o dia seguinte”, informou a Veja. No domingo, o GSI percebeu que acontecia um movimento de manifestantes próximo ao Congresso. Nesse horário, muitas pessoas estavam em frente ao quartel-general de Brasília, iniciando uma caminhada até a Esplanada.

Segurança foi deixada para apenas 15 homens

Segundo a revista Veja, ao contrário do que foi combinado na reunião da sexta-feira, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), autorizou a entrada dos manifestantes na Esplanada. Havia somente uma barreira para impedir o acesso deles à Praça dos Três Poderes. Quase ao meio-dia, o GSI enviou uma mensagem ao CMP pedindo o apoio de um pelotão de choque. No texto, era informado que apenas 15 agentes estavam no local.

Às 13 horas, os manifestantes se dirigiram ao Planalto. Às 15h30, os atos de vandalismo começaram e se estenderam por mais de uma hora. A Tropa de Choque entrou em ação, mas, devido ao número de vândalos depredando os Três Poderes, não conseguiram conter a destruição.

Para o governo Lula, o ato foi uma “tentativa de golpe”. O petista, inclusive, acusou os militares — parte deles lotada no GSI. Até o momento, o general Dias não se pronunciou sobre as suspeitas do presidente. O órgão, contudo, também não se defendeu. Apenas disse que vai se manifestar depois do resultado das investigações.