Era só o que estava faltando: sequestrador processa o Brasil
Na noite de 11 de dezembro de 2001, o publicitário Washington Olivetto retornava para casa em Higienópolis, São Paulo, quando passou por uma falsa blitz da Polícia Federal, onde alguns homens, disfarçados com coletes de agentes policiais, pararam o veículo, e levaram o publicitário para outro carro. Olivetto ficou mais de 50 dias em cativeiro. Ele foi libertado em fevereiro do ano seguinte.
O caso foi solucionado pela polícia, que prendeu seis sequestradores e libertou o refém do cativeiro onde estava, em um outro bairro de São Paulo, o Brooklyn. O mentor do crime foi o chileno Maurício Hernandez Norambuena, ex-guerrilheiro que fugitibo de prisão em Santiago.
Eis que agora, 2023, o ex-guerrilheiro, extraditado para o Chile em 2019, processou o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. E, em 30 de novembro de 2022, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos decidiu que o processo preencheu os requisitos para avançar.
Depois de passar pela comissão, o caso avançou para uma segunda fase, onde seis juízes vão decidir se o Brasil violou direitos humanos ao manter Norambuena em um regime de prisão mais rígido, o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) por cinco anos, e se o país deve pagar dinheiro a Norambuena e à família dele a título de reparação, uma das recomendações da Comissão.