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Dilma deixa aliados perplexos e rivais esperançosos !!!

 

Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, recebeu no final da tarde de quinta-feira (9) a visita de um dirigente da oposição. O visitante encontrou um Renan aborrecido com o Palácio do Planalto. Incomodava-o o fato de os repórteres estarem mais bem informados do que ele.

Rodava na internet a notícia de que Dilma Rousseff sondara Ideli Salvatti para ser a negociadora política do governo, chefe da pasta de Relações Institucionais.Renan queixava-se de não ter sido consultado. Esperava merecer ao menos a consideração de um aviso. E nada.

Servindo-se do momento, o dirigente oposicionista disse a Renan que dera uma orientação aos diretórios estaduais de sua legenda: “Mantenham boa convivência com o PMDB”.

Acredita que, em muitas praças, a oposição pode celebrar alianças com o PMDB nas eleições municipais de 2012.

Renan mostrou-se receptivo à pregação do visitante. Mais: estimulou vivamente o gesto de aproximação.

Nesta sexta (10), consumada a ida de Ideli para o núcleo político do Planalto, Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara, viveu outra experiência inusitada. Ele estava no Rio Grande do Norte, seu Estado. Lideranças de partidos da periferia do consórcio governista alcançaram-no pelo celular. Mantidos à margem das decisões tomadas por Dilma, debulharam-se em preocupações. Temem ser ignorados por Ideli, a nova operadora política do governo. A maioria jamais esteve com ela.

O líder do PTB, Jovair Arantes, sugeriu um encontro. Uma reunião de Henrique com ele e com líderes do PR e do PP, outras legendas mantidas no breu. Os governistas se deram conta de que há na praça uma nova Dilma Rousseff. Distancia-se do molusco, redesenha o Planalto à sua imagem e toma decisões sozinha. Ficaram perplexos!

Na outra ponta, expoentes da oposição alimentam a expectativa de que essa nova Dilma produza uma erosão gradativa em sua base congressual. Compartilham dessa tese, por exemplo, os senadores José Agripino Maia, presidente do DEM, e Aécio Neves, presidenciável tucano.

Agripino diz que, ao acomodar do seu lado Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Coordenação Política), Dilma compôs “um gabinete saia-justa” referindo-se ao potencial explosivo da junção dos temperamentos de Dilma e das duas novas auxiliares, mulheres de pavio curto, pouco acomodatícias.

“Ficaremos na boca de espera”, diz Agripino, esperançoso de que, em 2012, legendas que gravitam na órbita do governo se aninem a fazer parcerias com a oposição.

Na mesma linha, Aécio prega no PSDB: excetuando-se o PT, o tucanato deve se manter aberto a alianças com todos os demais partidos. Até o PT, legenda de Dilma, integrou-se ao rol dos perplexos! A estupefação com a autosufiência da presidente é maior na Câmara, mas se espraia também pelo Senado.

Divididos entre Cândidato Vacarezza e Arlindo Chinaglia, que mediram forças pelo posto de coordenador político, os deputados terminaram por perder a poltrona. Egresso da Câmara, Luiz Sérgio foi despachado por Dilma para a pasta da Pesca, antes ocupada pela ex-senadora Ideli.

Dito de outro modo: a bancada de deputados do PT, que mantinha um representante no coração do Planalto, hoje controla o insiginificante ministério dos pescados.

Os senadores petistas dividiram-se em dois grupos. Um defendia a permanência de Luiz Sérgio no Planalto. Outro achava que o substituto deveria ser um deputado. As duas alas receiam que, ao levar uma senadora para a Casa Civil e uma ex-senadora para a coordenação política, Dilma tenha produzido um desequilíbrio de forças.

Por esse raciocínio, o governo ficou desguarnecido na Câmara, justamente a Casa legislativa onde o Planalto tem enfrentado maiores dificuldades.

Com a experiência de quem já governou o seu Estado, o senador petista Jorge Viana, do Acre, adiciona ao caldeirão uma preocupação adicional. Em diálogos reservados, Viana afirma que, mergulhado em desavenças e divisões internas, o PT abre espaço para o crescimento político do PMDB. O senador acha, por exemplo, que o PT atirou contra o próprio pé na crise que levou à demissão de Antonio Palocci, o ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil.

A cena brasiliense sugere um momento delicado para Dilma Rousseff. Antes submetida à tutela de Lula, a presidente esboça um vôo solo. O alteração de rota foi percebida por todos. Os aliados querem saber se serão convidados a caminhar junto com Dilma. Os rivais parecem contar com um acidente de percurso. Na espreita, estendem a mão.Simulam o oferecimento de socorro, quando, em verdade, esperam ser socorridos pelos potenciais feridos que Dilma pode deixar pelo caminho.

O diabo é que, sobre a atmosfera nebulosa de Brasília, pairam as mão invisíveis do molusco. Ante o risco de desastre, o ex-soberano talvez não hesite em reunir as vítimas num projeto “restaurador” para 2014! Uma pena!