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Depoimento de general do molusco é porta aberta para demissões e impeachment

 Reprodução Internet

Ele foi ouvido por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, após a divulgação de novas imagens das câmeras internas do Palácio do Planalto, durante os atos de 8 de janeiro, em que Dias e outros agentes do GSI foram flagrados caminhando tranquilamente entre os vândalos que depredaram o local.

Foram mais de duas horas de barbárie, sem que nenhum dos membros do governo do molusco tentasse impedir, além de, muitas vezes, abrirem portas, cumprimentarem e até servirem água aos invasores.

Alguns pontos do depoimento, que inclui apenas as respostas (portanto, sem os questionamentos feito pelo delegado da PF) revelam que o Palácio do Planalto, o ministério da Justiça, sob o comando do comunista Flávio Dino e até mesmo a ABIN, órgão que está vinculado ao GSI, portanto sob comando do próprio Gonçalves Dias na época, nada fizeram para impedir a depredação, mesmo cientes de que poderia ocorrer.

Segundo o ex-ministro, o GSI também não foi convidado para qualquer reunião que tenha ocorrido com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal ou com a ‘inteligência’ (vale lembrar que há documentos oficiais já tornados públicos, que informavam sobre os riscos da manifestação daquele domingo de janeiro, com pelo menos 24 horas de antecedência).

Há também pontos contraditórios, como no que afirma estar no Palácio do Planalto desde as 14h50, portanto antes da chegada dos invasores. Mas momentos depois ele afirma que teria entrado no local somente às 16h.

Outro ponto gravíssimo do depoimento revela que ele esteve pessoalmente com Lula ainda na noite de 8 de janeiro, e que mediou um telefonema com o General “Dutra” – Gustavo Dutra, que chefiava o Comando Militar do Planalto, em que o próprio ex-presidiário ordenava a prisão dos manifestantes que estavam no Palácio do Planalto e também os acampados diante do quartel do Exército.

Vale lembrar que essas prisões acabaram ocorrendo no dia seguinte, registradas no deprimente vídeo em que famílias inteiras são enganadas para entrar em ônibus oferecidos pela PF.

Assim, Lula agiu como ‘polícia’, dando ordem de prisão mesmo sem provas de crimes flagrantes contra aquelas pessoas.

Dias encerra oferecendo a ‘cereja do bolo’ à CPMI que deve ser instalada no Congresso Nacional nos próximos dias, ao confirmar que todas as imagens capturadas pelas câmeras naquele 8 de janeiro estavam, desde então, de ‘posse de todas as instituições’.

Em resumo, STF, MPF, PF, PM, Palácio do Planalto, SSP/DF e ministério da Justiça tinham acesso e conhecimento dessas imagens, mas jamais as utilizaram para investigar, de fato, os culpados e responsáveis pelo quebra-quebra.

Provas cabais de ingerência, improbidade administrativa, abuso de poder, desrespeito à constituição e omissão, entre outras aberrações…

Uma gigantesca porteira aberta para demissões, prisões de autoridades e processos de impeachment.

Abaixo, as declarações prestadas ontem na PF, pelo General/ RR, Gonçalves Dias, ex- Ministro Chefe do GSI/PR.

1. “Inquirido a respeito dos fatos investigados, RESPONDEU:

2. QUE é General de Divisão da Reserva;

3. QUE esteve à frente do Gabinete de Segurança Institucional, nomeado dia 01 de Janeiro de 2023, em exercício no dia 02 de Janeiro de 2023 e exonerado a pedido no dia 20 de abril de 2023;

4. QUE já havia trabalhado no GSI anteriormente, de 2002 a 2010, no Departamento de Segurança;

5. QUE ao ser nomeado chefe do GSI não foi tratado com o Presidente da Republica ou outra autoridade a respeito das manifestações antidemocráticas que estavam ocorrendo desde o resultado das eleições presidenciais em 2022;

6. QUE isso já estava sendo tratado pela equipe de transição e essa era uma das pautas de preocupação da equipe de transição;

7. QUE ao assumir no dia 02 de Janeiro, durante cerca de 5 dias estava ainda se ambientando as funções, haja vista que não houve passagem de função com o Ministro anterior;

8. QUE dentro do GSI existe a Secretaria de Coordenação de Segurança Presidencial, que avalia o nível de criticidade de eventuais movimentos que estejam acontecendo no território nacional a partir de informações recebidas de outros órgãos e agências, principalmente de secretarias de segurança pública;

9. QUE deixa registrado que o acompanhamento dos movimentos são de atribuição do Ministério da Justiça, Secretaria de Segurança Publica e Ministério da Defesa;

10. QUE o declarante fez parte da equipe de transição responsável pela parte de segurança do Presidente da República e que houve reuniões para tratar da segurança da posse presidencial em que esses movimentos antidemocráticos foram considerados na C1CCR – Centro Integrado de Comando e Controle Regional da SSP/DF, frisando-se, antes da posse presidencial;

11. QUE, indagado sobre o movimento de instalação de acampamentos em frente aos quartéis do Exército, afirma que é uma área militar e há um regulamento que prevê a desocupação;

12. QUE sua função como chefe do GSI não se confunde com as atribuições de militares das forças armadas;

13. QUE cabia ao Exército Brasileiro fiscalizar e regular e, se fosse o caso, retirar os acampamentos;

14. QUE não tem conhecimento a respeito de ações radicais que ocorreriam em manifestação na cidade de Brasília entre 06 e 08 de Janeiro;

15. QUE respondeu achar um absurdo o GSI não ser convidado para participar da reunião na SSP/DF onde foi delimitada no Plano de Ações Integradas (PAI) as atribuições das instituições de Estado;

16. QUE no GSI a Secretaria de Coordenação de Segurança Presidencial chefiada à época pelo General FEITOSA deveria ter sido convidada pela SSP para a participar da reunião;

17. QUE não sabe qual pessoa da SSP que deixou de convidar o GSI para a reunião;

18. QUE o GSI sempre é convidado a participar, inclusive participou da reunião para elaboração do PAI referente à Posse Presidencial;

19. QUE estes convites só existem quando há manifestações; QUE o GSI não recebeu o PAI referente aos atos, n° 1609468/2023;

20. QUE não tem conhecimento se havia agentes de inteligência da ABIN ou outros do GSI monitorando o acampamento;

21. QUE nos 5 dias de sua gestão, período antes dos ataques, não ordenou esse monitoramento por agentes dessas instituições;

22. QUE a ABIN era diretamente ligada ao Gabinete do GSI e todas as informações eram direcionadas diretamente ao chefe do GSI;

23. que, indagado se recebeu informações de inteligência da ABIN a respeito do aumento de fluxo de ônibus e chegada de pessoas após 6 de Janeiro a BSB, informou que não recebeu qualquer relatório de inteligência;

24. QUE a CCA1 do Congresso Nacional solicitou ao GSI que encaminhasse todas informações de inteligência que envolvessem os atentados do dia 8 de Janeiro;

25. QUE o GSI encaminhou mensagens compiladas em grupos de aplicativos à CCAI;

26. QUE o declarante apenas teve conhecimento dessas mensagens ao solicitar à ABIN o encaminhamento para a CCAI;

27. QUE nessas mensagens do dia 2 ao dia 7 não havia informações relevantes;

28. QUE ressalta que o acampamento em frente ao Quartel General do Exército estava pouco ocupado e praticamente desmobilizado;

29. QUE no dia 7 houve incremento na chegada de ônibus em Brasília;

30. QUE as mensagens do dia 8 pela manhã constavam pessoas fazendo discursos exaltados, ameaçando invadir prédios públicos da República;

31. QUE o compilado de mensagens não pode ser considerado tecnicamente um relatório de inteligência para produção de conhecimento para assessorar a decisão do gestor;

32. QUE não sabe informar se esses informes da ABIN levaram em consideração informações passadas pelas PRF e ANTT;

33. QUE nesse período recebeu vários relatórios da ABIN, mas nenhum tratando das manifestações;

34. QUE não recebeu orientações ou ordens de superiores militares ou agentes políticos para tolerar esses grupos de manifestantes;

35. QUE, indagado sobre as providências que adotou para proteger o Palácio do Planalto e a Chefia do Poder Executivo do dia 06/01 ao dia 08/01, respondeu que houve a adoção do plano Escudo, dentro do nível de criticidade avaliado pela Secretaria de Coordenação de Segurança, subordinada ao GSI, coordenada pelo General FEITOSA;

36. QUE em relação ao efetivo regular de emprego de agentes de segurança do GSI é importante verificar com o Gen. FEITOSA, que era o responsável,

37. QUE no dia 07/01 o efetivo do GSI, dentro da classificação de risco, era regular;

38. QUE no dia 08/01, ao perceber a ineficiência das forças de segurança distritais para conter os ânimos exaltados e ações criminosas de alguns manifestantes, solicitou reforço por volta de 14:50 de efetivo ao Comando Militar do Planalto – CMP;

39. QUE caso o nível de criticidade fosse alto, conseguiria utilizar todo o efetivo do Comando Militar do Planalto e, conforme a necessidade, acrescidas outras tropas como ocorreu na posse presidencial;

40. QUE teve informação do Cel. GARCIA, que é o chefe de segurança das instalações, que havia 45 agentes de Coordenação Geral de Segurança, 46 militares do 1° Regimento de Cavalaria de Guardas e 1 Pelotão de Choque de Reforço com 38 militares do Batalhão da Guarda Presidencial;

41. QUE não tem conhecimento se estava sendo utilizada a guarda verde, mas que, em razão das funções específicas desse grupamento, não seria um absurdo se não fosse utilizada;

42. QUE, indagado a respeito das declarações do Gen. DUTRA, ex-comandante militar do Planalto, de que o Coronel ALEXANDRE SANTOS DE AMORIM, que era Coordenador de Avaliações de Risco do GSI, havia classificado o evento como “risco laranja”, afirma que não teve conhecimento antes do dia 8 de Janeiro de qualquer documento por ele produzido nesse sentido;

43. QUE, ao abrir a sindicância para apurar as circunstâncias do evento, chegou ao seu conhecimento que houve a produção dessa informação pelo coordenador citado, mas não se recorda, nesse momento, qual era a classificação de risco informada no documento;

44. QUE a sindicância deve terminar até o final deste mês e deverá ser encaminhada ao STF;

45. QUE não tem informações decoradas sobre como a segurança do Palácio do Planalto deve ser empregada no cenário de risco laranja, mas estas devem estar no Plano Escudo;

46. QUE não sabe dizer qual a classificação de risco para o evento de 08 de Janeiro e se seria de normalidade;

47. QUE o responsável pela classificação de risco do evento seria o Gen. FEITOSA;

48. QUE não sabe em que dados o GSI se baseou para classificar o risco do evento;

49. QUE tem conhecimento que o Palácio do Planalto, foi invadido as 15h41min;

50. QUE o declarante chegou no Palácio do Planalto por volta de 14h50min e viu a multidão conseguir superar o bloqueio da PMDF e partir em direção do Palácio do Planalto;

51. QUE havia uma tropa da PM na altura do inicio do estacionamento e foi retraindo conforme a pressão dos manifestantes e isso abriu espaço para eles subirem a rampa;

52. QUE uma outra parte da multidão entrou pela lateral superando o combate do pelotão do exercito, que lançava gás lacrimogênio e elastômetro;

53. QUE inicialmente entraram quebrando as vidraças;

54. QUE estima-se que o pelotão do exercito do BGP era composto por cerca de 30 homens;

55. QUE os militares e policiais militares mostraram boa combatividade, inclusive testemunhado pelo próprio declarante que estava no momento da invasão;

56. QUE antes da invasão ao chegar no Palácio do Planalto, por volta de 14h50min ligou para o Gen. DUTRA e pediu reforço de tropa e ele informou que estava providenciando;

57. QUE e possível o declarante ter entrado no Palácio do Planalto as 16h;

58. QUE até a entrada do declarante no Palácio do Planalto, o declarante não viu a tropa de reforço do exército chegar, mas isso não quer dizer que ela não tenha chegado;

59. QUE sabe que ao final da operação o total de militares era de 487 e de policiais militares era de 520;

60. QUE não tem conhecimento se houve demora injustificada do exército;

61. QUE ao entrar no prédio do Palácio do Planalto se dirigiu ao 4° andar e verificou que havia invasores e estavam sendo retirados por agentes do GSI e após descer para o 3° andar fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala contígua e conduziu essas pessoas a saída, após as portas de vidro;

62. QUE nesse momento ligou para o Cel. VANDELI e solicitou que ele requisitasse o Choque da PM e apoiasse a realização das prisões;

63. QUE indagado porque no 3° e 4° piso conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2° piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo;

64. QUE o declarante não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão das 3 pessoas ou mais que encontrou no 3° e 4° andar, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado;

65. QUE já havia dado ordem ao Cel. VANDERLI e Cel. ROGERIO para que essas prisões fossem feitas;

66. QUE não deu ordem para evacuar os invasores do prédio, mas se porventura algum de seus subordinados deu essa ordem, não foi de seu conhecimento;

67. QUE a ordem era de prisão e foram efetuadas mais de 200 prisões;

68. QUE indagado a respeito de o Major JOSÉ EDUARDO NATALE DE PAULA PEREIRA haver entregue uma garrafa de água a um dos invasores;

69. QUE deve ser analisado pelas circunstâncias do momento os motivos do major, mas que se tivesse presenciado o teria prendido;

70. QUE as imagens divulgadas pela imprensa apresentam uma possível proximidade física e temporal do declarante com a conduta do MJ. JOSÉ EDUARDO;

71. QUE na verdade houve um corte e edição na gravação de aproximadamente 30 minutos, ficando claro que não estava no mesmo tempo em que ele entregou a garrafa de água;

72. QUE todas as pessoas que aparecem nos vídeos do 3° piso da já foram identificadas e os nomes encaminhados pelo atual ministro interino do GSI ao Ministro do STF ALEXANDRE DE MORAES;

73. QUE confirma as declarações do Gen. DUTRA de que na noite dos atentados de 8 de Janeiro, ele entendeu não ser conveniente e seguro a prisão dos vândalos naquele momento sem planejamento e em razão dos ânimos exaltados e a presença e de famílias, idosos e crianças;

74. QUE ao receber telefonema do Gen. DUTRA passou seu telefone ao Presidente da Republica para que argumentasse diretamente com ele;

75. QUE não sabe dizer se o Gen. DUTRA convenceu o Presidente, mas de fato a operação ocorreu no dia seguinte;

76. QUE indagado se o declarante entende se houve apagão da inteligência, respondeu que acredita que houve um “apagão” geral do sistema pela falta de informações para tomada de decisões;

77. QUE todas as filmagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de Janeiro foram fornecidas integralmente as instituições do Estado, sem omissão de possíveis filmagens;

78. QUE entrega um documento de Título “Imagens do sistema de vídeo monitoramento” com duas paginas e o documento de titulo “Quadro resumo de eventos registrados – 08 de Janeiro de 2023” com duas paginas.

79. Nada mais havendo, este Termo de Declarações foi lido e, achado conforme, assinado pelos presentes”.