Comandante Niltinho: Brendo, o garimpeiro!!!
Já se passaram muitos anos, desde a última vez que me sentei à frente de um computador, para contar uma nova história da aeronave Cessna 182 PT-CZC.
Isto porque já se passaram mais de dez anos que eu o havia vendido para o Dr. Ricardo, porém nunca deixamos de manter contato e assim eu vinha sendo informado a respeito do estado da aeronave, e como ele estava sendo bem tratado, ficava tranquilo, pois devo confessar que se o CZC tivesse caído nas mãos de alguém parecido comigo, que só voava em garimpo, já teria virado sucata.
Enquanto foi de minha propriedade, eu o tratava muito bem, o problema é que, voando em garimpo, não tem como um avião permanecer bem cuidado, a começar pelo excessivo peso que transportava, fato que, certamente, seria recriminado pelos “gringos” visto que esta aeronave foi construída para transportar 360 quilos (280 kg dos 3 passageiros mais o piloto e mais 80 kg de bagagem), e nós o carregávamos com 500 quilos fora o piloto. Além disto, sabe-se que não se escolhe o piloto, como um jóquei (o melhor, com menos peso)
Vamos lá então: certo dia, o Roberto meu sócio no loteamento em Ourilândia do Norte, veio me dizer que, em conversa com clientes da locadora dele em Tucumã, perguntaram porque ele não comprava um avião para alugar já que estariam entrando numa área de garimpo, onde não havia estrada, só se chegando de avião.
Este pedido caiu como um doce na boca de uma criança pois, gostar de aventura em novos negócios é com o Roberto mesmo, e assim, lá veio ele pedir-me para ajudá-lo a encontrar uma aeronave boa para esta finalidade.
Tem coisas na vida que não se explica, lógico que eu pensei no CZC (foto) mas, como? O Dr. Ricardo nunca venderia, pois tinha a maior paixão pela aeronave. Assim sendo, estava a procurar os antigos contatos de amigos da aviação, quando recebo uma ligação de Brasília. E não é que era o Dr. Ricardo?
Confesso que assustei-me com a ligação, que veio exatamente no momento em que pensava nele, susto potencializado, ao saber que ele pretendia vender o CZC, para fazer um tratamento de saúde no exterior.
Sabendo que sempre gostei daquela aeronave, perguntou-me se tinha interesse em comprá-la pois, assim ficaria mais tranquilo, sabendo que a aeronave ia estar na mão de quem a apreciava, de fato.
Engraçado é que, o mesmo carinho que eu sempre tive com o CZC, o Dr. Ricardo também tinha, e acreditem se quiserem, os verdadeiros pilotos, amam seus aviões como amam suas mulheres. E aí estava a grande oportunidade de vê-la, de volta mesmo não sendo meu, mas estaria aqui com o Roberto e perto de mim novamente.
Minha maior alegria foi comunicar ao meu sócio, que tinha encontrado o avião para servi-lo e que era o CZC, o qual ele já estava cansado de ouvir falar.
E assim fomos para Brasília, imaginem a minha satisfação, tornar a vê-lo seria um sonho. Voltar a voá-lo então, seria a gloria, depois de tantos anos.
Dizer que foi fácil negociar com o proprietário não foi, isto porque uma aeronave não se vende fiado! É pagamento à vista, pois sabe-se lá se o novo proprietário não vem a sofrer algum acidente, logo nos primeiros voos, como aconteceu com o meu primeiro avião? (Mas esta é uma outra história!).
Depois de muita conversação e idas ao boteco, tomar umas, para acalmar os nervos e do meu empenho, de que o Dr. Ricardo iria receber direitinho, batemos o martelo, eu o convenci a dividir o valor total, em três cheques de R$ 100.000.00. Fechado o negócio, meu amigo Dr. Ricardo poderia se tratar e assim, viemos embora.
Neste momento vou interromper esta narrativa, para mostrar como conheci o garimpeiro Brendo, que considero um de meus melhores amigos, e contar a história de como fizemos uma pista de pouso na área dos índios Caiapó
Sentado no setor de conveniência do posto de combustíveis Águia em Ourilândia do Norte, local que se tornou o ponto de encontro de garimpeiros, companhia feminina (à espera de garimpeiros bamburrados), e daqueles que gostam de uma cerveja bem gelada, situação em que o amigo Alex é campeão, além daqueles que, como eu, não tem o que fazer, e aproveitam para passar uma tarde agradável.
Já disse para muita gente e confirmo, que não vou mais embora daqui, pois acho a cidade de Ourilândia do Norte, um lugar muito agradável para se viver e espero que algum novo prefeito venha cuidar melhor do cemitério, que irá nos receber no futuro!
Em conversas com o Brendo, que tinha um garimpo na região da Peruana, que eles estavam com dificuldades, devido à estrada de acesso estarem interrompidas devido às chuvas torrenciais que caem nesta época, prejudicando a produção ouro a ponto de comprometer até as despesas mais elementares! Tudo isto por falta de uma pista de pousos e de um avião, pensei eu.
Confesso que fiquei com pena dele, e vendo aquele rapaz, jovem ainda, com toda a garra, querendo trabalhar sem poder, resolvi ajuda-lo, justamente naquilo em que passei fazendo, grande parte da: voar em garimpo!
Então eu fiz uma pergunta:
· Porque você não faz uma pista? Que eu te arrumo um avião? pensando logo no CZC.
· O índio não deixa, Niltinho! Já pedimos muito, tem hora que ele concorda, tem hora que não, coisas de índio, disse ele.
· E se eu falar com ele? Quem é o Cacique?
· É o índio Vanga, respondeu
Quando voava, conheci e voei para muitos índios, havia a possibilidade de que este, pudesse se lembrar de mim, até mesmo porque eles, os índios, admiravam os pilotos, que lhes exerciam grande curiosidade, talvez pelo fato de conseguirmos controlar a máquina que lhes prestavam serviços. Por isto, nunca esqueciam das fisionomias e sempre se lembravam até mesmo do nome dos pilotos. Para nós, no entanto, eles tinham a fisionomia muito parecidas. Eram todos iguais.
· Diga-me Brendo, caso eu consiga uma autorização com os índios, você faz a pista? Olha lá, heim? Insistindo.
· Faço! Tenho uma Pá Carregadeira lá dentro! me respondeu com tanta confiança que me surpreendeu, pois sabia das dificuldades que ele iria enfrentar, como, falta de dinheiro, (visto que a PC não estava trabalhando e consequentemente, não havia produção de ouro).
A falta de óleo diesel, representava o primeiro problema pois com o combustível que lá tinha, não era suficiente para fazer a pista e, pior, não tinha como levar com as estradas interrompidas, o que era mais preocupante. A falta de comida então, era um dos fatores de agravamento, se não o pior. Cheguei a duvidar dele, visto serem muitos os problemas.
Mas via nele, uma coragem e determinação surpreendentes, pois compreendia o que ele manifestava afinal a pista de pouso era o passaporte para ele continuar trabalhando. A salvação de fato. Sem ela e o sem avião, eles estariam perdidos. Não iriam produzir movimentar o garimpo e garantir o seu ouro!
Então, tratei de fazer a minha parte, que era conseguir a autorização com o Cacique Vanga. Com muito custo, consegui o telefone do irmão dele e liguei.
· Alo?
· Quero falar com seu irmão Vanga
· Ele não está. Foi hoje para a Aldeia. Fiquei indeciso de anunciar o que eu queria, sabe lá se ele era da mesma opinião do irmão? Em não querer uma pista na área deles? Mas, vou tentar, pensei.
· Diga a ele, que é o comandante Niltinho que desejo falar com ele a respeito de fazer uma pista de pouso. Rezando para que ele já tivesse ouvido falar de mim.
· Que bom, estamos precisando mesmo. Pois desejo montar uma cantina e seria ótimo.
Com isto, fiquei mais tranquilo, imagina ter o irmão do Cacique ao meu lado?
Ficamos combinados que, quando ele voltasse, marcaria um encontro.
Corri para dar a boa notícia ao Brendo. Imagina a alegria dele, percebi então que a sua cabeça começou a ferver, era tantas perguntas e tantos projetos e conversas, que quanto saiamos do Alex já tínhamos bebido uma quantidade razoável de cerveja. Tenho a dizer que sempre bebia cerveja Budweiser, que conheci na América e não parei mais e com isto ajudei o Alex a introduzi-la no seu mercado, quase que fiquei com este apelido, imagina?
Nisso, a notícia começou a correr, e passados alguns dias, o Cacique Vanga ligou e acertamos um encontro em Ourilândia.
Este nosso primeiro encontro foi até muito interessante, eu nunca imaginaria que fosse tão favorável ao meu interesse, ele não me conhecia e já havia passados muitos anos que eu não voava mais, tinha perdido todos os contatos com os índios, afinal mais de uma década é muito tempo, mas não é que o índio me reconheceu? Olhou bem em meus olhos e disse:
· Comandante Niltinho?
· Sim, respondi.
· Quando eu ia para o aeroporto em Tucumã com meu pai eu via você, eu era jovem, com menos de 18 anos e gostava de vê-lo voar para nossa Aldeia, eu te conheço bem! Aquilo me deixou bem mais tranquilo, não havia mais necessidade de me apresentar o passado já estava dizendo quem eu era, e mais uma vez me confirmou que um índio nunca se esquece do seu piloto.
· E o que deseja? Perguntou-me olhando bem em meus olhos.
· Fazer uma pista na Peruana.
· Não comandante! (Engraçado é que sempre nos tratam de Comandante)
· Mas por quê?
· Porque branco não gosta de pagar a porcentagem direito e, com o avião, é mais fácil de sair sem pagar. É aquela velha história da honestidade que não está bem enraizada no nosso meio, se pode dar um jeitinho de não pagar, por que pagar?
E aí começou o meu trabalho em convencê-lo, mostrando que estava enganado e que com a pista pronta, os garimpeiros iriam produzir muito mais ouro e a parte deles iriam aumentar sem dúvida. Em relação a sair sem pagar, era só colocar um guerreiro ao lado do avião e não deixar embarcar sem o acerto.
E não é que após uma longa conversa, convenci o índio a nos deixar fazer a pista? Afinal, este Cacique é bem diferente dos demais índios, muito mais inteligente, tem vivido muito fora da Aldeia, e isto deu a ele a oportunidade de enxergar muito mais longe que os demais, indo sempre à Brasília, viajando muito, dirige uma Hilux vermelha novinha e isto o tornou muito mais compreensível, consegue raciocinar rapidamente e isto o tornou um grande líder, deixando-o a pensar, inclusive, a se candidatar para algum cargo político, ocasião em que poderia ajudar muito melhor sua comunidade.
E tem muitos indianistas por aí insistindo em mantê-los enclausurados na aldeia, querendo que eles vivam da caça e a pesca, quanta ignorância, meu Deus, visto que os índios, gostam de tudo que um civilizado gosta, até de mulheres brancas.
Conseguida a autorização do Cacique, Brendo começou a traçar os planos para fazer a pista. Passei para ele, sabendo das dificuldades que teria, as prioridades para que a pista tivesse os melhores enquadramentos técnicos, como localização direcional apropriada, o comprimento, (lógico que os pilotos agradecem pistas maiores, quando possível), a largura para pousos seguros, o piso bem nivelado, para impedir que as aeronaves se exponham à quebras e acidentes, árvores altas próximo das cabeceiras, enfim passei-lhe tudo que aprendi no decorrer da vida como piloto de garimpos da Amazônia.
Mesmo assim senti a necessidade de fazer um sobrevoo na área pois a região é cercada de morros e isto impossibilita voos seguros e como o PT-CZC estava voando em Jacareacanga, pedimos a um amigo piloto e dono de avião, para que nos levasse a fazer um voo de reconhecimento, e ele prontamente veio.
Havíamos convidado também o Cacique Vanga e com isto iríamos em quatro, Brendo, o piloto, eu e o cacique. Cometi, no entanto, um erro estratégico, que foi ter sentado no banco traseiro ao invés do dianteiro ao lado do piloto, de onde teria uma visão melhor e poderia direcionar o avião para as áreas de interesse.
Infelizmente, sentei atrás, ao lado do Brendo e, para piorar, o piloto voava por cima das montanhas, nos dando a visão apenas dos buracos que haviam sobrados pela passagem dos garimpeiros. Não vi nada e não pude sugerir nada para meu amigo e assim teria que contar apenas com a capacidade dele, do entendimento das aulas que eu lhe havia dado, e contar com a sorte.
Convencido que a saída para fazer ouro e como os acontecimentos estavam fluindo bem, ele se entregou de corpo e alma para atingir o objetivo de fazer a pista de pouso, contando com meu apoio. E só! Não saberia contar quantas cervejas tomamos com o Alex e em nenhum momento vi um desânimo em seu rosto.
Um dia ele me disse:
· Tenho que ir ao garimpo pois as coisas não devem estar boas por lá. Tenho que levar um rancho para meus garimpeiros e um radinho de comunicação que acho que vai ser muito útil! (mais tarde vimos como ele estava certo.)
· Mas como você vai? Você brigou com os donos dos tratores que vão para lá? E eles sabem que você está fazendo uma pista, indo de encontro com os interesses deles, loucura Brendo!
· Pois é Niltinho, não tendo outro jeito, vou a pé, o único problema é que tenho que atravessar uma serra e ela é muito alta e a última vez que a cruzei, quase que não dei conta, a gente sobe agarrando nos matos e o medo de cair e rolar montanha abaixo é grande, podendo a queda até mesmo matar, além de ser muito cansativo! Mas amanhã vou com um dos meus garimpeiros.
Foi aí que vi o quanto aquele garoto estava disposto a enfrentar, para que a pista de pouso ficasse pronta e acabei ficando triste em pensar que não poderia acompanhá-lo, pois, pela idade, não tenho mais a garra e saúde para acompanha-lo, ajudando-o a escolher o melhor local para fazer a pista. Teria que confiar no Breno.
Isto me deixou triste por uns dias, até que ele reapareceu, todo alegre, me contando como tinha sido a grande jornada, e dizendo que já havia localizado o local para fazer a pista.
Caramba, não é que a coisa estava andando mesmo? Já tínhamos a localização da pista, embora também, a péssima notícia, de que o óleo diesel que ele havia enviado por estrada, estivesse no meio do caminho, sem esperanças de que chegasse. Assim, como ainda tinha um pouquinho de óleo, iria usá-lo para iniciar a pista.
E assim meus amigos ele voltou para o garimpo a pé e iniciou a construção, e eu sem poder acompanhá-lo, enfrentando a serra, fiquei apenas orientando e rezando para que tudo saísse bem pois, no fundo, tinha certeza que ele daria conta.
Tenho que dizer que até este momento o nosso relacionamento, entre eu, Brendo, Roberto e os garimpeiros era muito bom e não havia nenhum sinal de constrangimento. O CZC já havia chegado de Jacareacanga e já pronto para voar.
Meus amigos, mal eu achava que os problemas haviam terminado e lá vem o Brendo dizendo que o óleo diesel havia terminado e não havia meio de levar e ele não poderia terminar os trabalhos da nova pista.
Foi aí, então, que a minha vida de piloto de garimpo valeu, e como valeu! Eu tinha um meio de colocar o óleo no garimpo para que ele prosseguisse com o seu trabalho, só que era coisa arriscada, de maluco mesmo!
Eu me recordo que, em inúmeros voos, fiz o lançamento de mercadoria para os exploradores de mogno que se embrenhavam pela floresta a procura de canteiros, e que, quando viam que estavam acabam seus alimentos, acendiam uma fogueira e lá íamos nos socorrê-los, fazendo o lançamento das mercadorias do avião, o que era uma manobra arriscada, que matou muitos amigos pilotos.
Tínhamos que voar na copa das arvores e tentar acertar o mais perto possível do local onde estava a fogueira, para que a mercadoria não se dispersasse pela mata. Diziam que eu era o pior dos pilotos pois meus lançamentos quase nunca não acertavam o alvo, dando assim um trabalhão danado para que eles encontrassem os fardos esparramados pela floresta. Para este tipo de trabalho, sem dúvida, o piloto Pardal era tido como o campeão, mas ele tinha o dom de voar e eu estava longe de ser igual a ele.
E foi assim que dei a sugestão de fazer o mesmo, colocando o óleo diesel em tambores de 20 litros, que seriam arremessados nas lagoas formadas após a extração do ouro.
Mais de uma vez vi o quanto o meu amigo era destemido e o quanto ele queria aquela pista, pois se ofereceu para ir junto com o piloto e fazer o lançamento, cujo voo não é dos mais agradáveis pois os movimentos que o piloto tem que fazer com o avião, para que ele atingir o ponto certo para jogar a carga, é muito desconfortável, ainda mais para uma pessoa que nunca havia feito isto.
Foi um sucesso a operação, mais uma vez fomos nos comemorar no escritório (loja de conveniência do Posto Águia) e, mais uma vez a Budweiser pagou o pato. Só faltava agora o Brendo voltar para o garimpo e terminar a pista. E foi isto que ele fez com tanta dificuldade e bravura que me deixou seu fã pelo resto da minha vida.
Belo dia, chegou a notícia mais esperada e importante: a pista estava pronta, com muita alegria compartilhada por todos nos, inclusive com aqueles que duvidaram do feito, e fomos comemorar no nosso escritório (Bar do Alex) que, sem dúvida, foi uma das maiores testemunhas do feito!
Agora vem a parte pior desta história pois, o que eu não queria, acabou acontecendo e agora tenho que contar: sinceramente nunca poderia imaginar que aquilo que fizemos com tanto carinho e dificuldade, viesse causar tanta desavença, tanta briga, inclusive chegando com risco de morte! Tudo porque?
Não sei dizer e não posso compreender! Talvez pelo meu temperamento, meu desprendimento pelo dinheiro, por bens materiais não sei! Penso que seja pela falta de diálogo, compreensão, tolerância, humildade, valorização e outras coisas mais que os povos que se dizem civilizados teriam que ter, e muitas vezes, não o tendo, nos faz recordar as cenas da vida animal, como os cães, os leões e as hienas que, após abaterem a caça juntos, brigam pela carne, pelo sangue e até mesmo pelos ossos, chegando a se matarem entre si.
Não vou entrar no mérito da questão, de quem estava certo ou errado, inclusive porque a maioria das conversa e dos acertos, não contava com a minha presença, afinal era o Brendo e o Roberto que definiam como seria o andar da carruagem, e naturalmente cada um puxava a sardinha para sua brasa, com interesses conflitantes.
Um querendo voar mais barato e outro querendo voar mais caro, ficou difícil o acordo, tinha que pensar no interesse dos índios também, afinal eles eram os verdadeiros donos da área, e no meu, que só levei a fama de idealizador da pista!
Como o dinheiro tinha que sair dos voos, dos retornos, das passagens, os então amigos, com gênio forte, se desentenderam e deu no que deu: briga para todo lado, chegando ao ponto de um grupo de garimpeiros iniciarem a execução de uma outra pista, sem autorização do Cacique.
E agora vocês me perguntam? Como terminou a história? Da famosa pista da Peruana? Foi a primeira pista feita por um garimpeiro de nome Brendo numa área indígena no Para.
E assim terminou a história, como sendo a melhor coisa que aconteceu para um bando de garimpeiros e índios, que não sabiam o valor que uma pista e um avião significavam para eles, que não tinham como trabalhar no inverno.
Os índios ficaram com uma renda maior, o Roberto com o PT-CZC e o Chaveiro no seu avião, voando quase todo dia, e ganhando muito dinheiro. O Brendo continuou tirando ouro de seu barranco, até que se retirou e montou uma bela cantina, repleta de mercadorias e com companhias femininas para fazer a alegria dos garimpeiros. A pista, ficou com o nome de Peruana, aberta para todo e qualquer tráfego aéreo. E as brigas, que quase renderam mortes, se acabaram. E eu fiquei para contar a história, naturalmente, chupando o dedo.
Comandante Nilton Costa pilotou durante 30 anos nos garimpos da Amazônia paraense