ChatGPT: o robô que tem resposta para quase tudo
Só que, de uns dias para cá, um deles começou a virar assunto nas redes: o ChatGPT. Desde que foi aberto para qualquer pessoa testar gratuitamente, há quase uma semana, mais de 1 milhão de usuários já desafiaram o robô de conversação com todo o tipo de pergunta e também com tarefas, como fazer música e poemas. O ChatGPT vem recebendo elogios como “fenômeno”, “assustador” e “ameaça real ao Google”.
É tanta comoção que o acesso à página de testes do ChatGPT apresenta instabilidade desde a última terça (6). Para complementar o “currículo”, ele tem um elo com uma das figuras mais polêmicas da atualidade: o bilionário Elon Musk é cofundador da OpenAI, startup de inteligência artificial que criou o recurso.
Mas, afinal, o que o robô faz?
- É como se fosse uma Alexa/Siri (assistentes de voz do Google e da Apple, respectivamente), só que em texto…
- … ou o buscador do Google, mas que já dá a resposta sem você ter que clicar em links para ler;
- Essas respostas são detalhadas e rápidas;
- O texto é fluente, parece ter sido escrito por uma pessoa;
- Faz contas de matemática;
- Consegue escrever código em linguagens de programação;
- E, segundo os criadores, também “admite seus erros, põe em xeque ideias incorretas e rejeita pedidos inapropriados”.
Apesar de usuários já questionarem se o ChatGPT poderia substituir humanos de forma mais eficiente e ampla do que se vê atualmente, ele ainda é só uma versão em testes, com várias limitações.
Nesta reportagem, você vai saber:
- Como funciona
- Quais são os limites atuais dele
- Como testar
- Quais as ligações do projeto e da OpenAI com Elon Musk
1. Como funciona
Disponível neste link como uma página de bate-papo, o ChatGPT foi treinado por inteligência artificial e aprendizado de máquina (“machine learning”, em inglês).
A ideia é que a máquina replique automaticamente o pensamento e a atuação de uma pessoa; no caso, conseguindo ter conversas. Aí, quanto mais interação existir com humanos, mais a máquina se aprimora. Por isso a página do ChatGPT incentiva que as pessoas dialoguem com ele.
Essas tecnologias já estão presentes no nosso cotidiano: naqueles chatbots mais simples, de sites e apps de mensagens; nos autofalantes inteligentes com Alexa, Siri e Google Assistente; e no streaming, quando a plataforma prevê quais filmes/séries a pessoa pode gostar.
Para gerar a informação, o ChatGPT usa uma infinidade de textos disponíveis na internet.
Ao comentar um tuíte sobre a ferramenta, o programador Paul Buchheit, principal criador do Gmail, deu dois anos para que o sistema de buscas do Google seja eliminado pela inteligência artificial.
Ele comparou o evento com a forma como o Google acabou com as “páginas amarelas”, o antigo catálogo telefônico onde empresas e comércio divulgavam seus contatos.
No teste do g1 com o ChatGPT foi possível:
- tirar dúvidas gerais, como checar o número de habitantes no Brasil e o nome do atual presidente do país;
- receber conselhos a partir da frase “o que fazer quando me sinto triste?”;
- resolver problemas de matemática;
- pedir para criar um poema sobre paixão (veja no vídeo acima; texto igual não foi encontrado em busca no Google);
- e para fazer piadas com palavras especificas, como “paçoca” e “gato”.
ChatGPT dá conselhos sobre como lidar com a tristeza
2. Quais são os limites atuais?
O ChatGPT ainda é um protótipo e não está pronto para ser vendido para empresas.
Apesar de ter recebido uma imensa quantidade de informações da internet, na qual baseia suas respostas, a própria OpenAI admite que o chat pode dar informações erradas, ainda que elas pareçam fazer sentido.
Diferente do buscador do Google, ele não revela a fonte das informações.
Um usuário do Twitter postou o robô caindo em uma pegadinha, perguntando qual modelo de caro anda mais rápido a 80 km/h, se uma Ferrari ou um Celta, veja abaixo:
Existem outras limitações no protótipo do ChatGPT. Seus “conhecimentos” são baseados em informações que foram colocadas na internet até 2021. E o chat também não arrisca previsões.
Quando perguntado se o Brasil ganharia a Copa, respondeu: “Desculpe, eu sou apenas um modelo de linguagem treinado e não tenho conhecimento sobre eventos futuros, como a Copa do Mundo de 2022. Minha capacidade de conhecimento está limitada ao que foi treinado em mim e não posso fornecer informações sobre eventos futuros.”
E, claro, em se tratando de um robô, ela carece de bom senso e do pensamento crítico dos seres humanos.
A aplicação da inteligência artificial em setores como segurança pública, por meio do reconhecimento facial, por exemplo, é alvo de críticas justamente porque esses sistemas podem produzir resultados enviesados ou imprecisos, como mostrou um estudo do governo dos Estados Unidos com mais de 200 algoritmos.
ChatGPT responde a perguntas de assuntos variados, faz contas e cria textos
3. Como testar
Qualquer pessoa já pode testar o chatbot da OpenAI. A empresa pede para os usuários criarem uma conta antes e, em poucos minutos, já é possível interagir com a inovação.
- Acesse o site chat.openai.com/chat;
- Toque em “Sing up” para criar uma conta;
- Depois, “Create an OpenAI account”;
- Informe um e-mail, senha e confirme a criação da conta;
- Após a confirmação, toque em “Try it” no topo da tela;
- Inicie a conversa com o ChatGPT.
Durante o período de teste, pode haver instabilidade devido ao número alto de acessos.
4. Quais as ligações do projeto da OpenAI com Elon Musk
A OpenAI é uma organização de pesquisa em inteligência artificial sem fins lucrativos fundada em 2015 pelo investidor do Vale do Silício Sam Altman e pelo bilionário Elon Musk, em São Francisco, nos Estados Unidos.
Atualmente comandada por Greg Brockman, a empresa atua em diversas áreas da inteligência artificial, prometendo usar suas inovações para “beneficiar toda a humanidade”.
Três dias depois da liberação do ChatGPT para testes em todo o mundo, Musk disse que o recurso é “assustadoramente bom” e que não estamos longe da inteligência artificial perigosamente forte.
Um dia depois, porém, o bilionário tuitou que a OpenAI chegou a ter acesso ao banco de dados do Twitter, com o objetivo de aprimorar o robô. “Acabei de saber que a OpenAI tinha acesso ao banco de dados do Twitter para treinamento. Eu coloquei isso em pausa por enquanto”, disse Musk, sem detalhar quais informações eram compartilhadas. Preciso entender mais sobre a estrutura de governança e os planos de receita da organização daqui para frente”, completou o homem mais rico do mundo.
“As interfaces de linguagem serão um grande negócio. Em breve, você poderá ter assistentes prestativos que conversam com você, respondem perguntas e dão conselhos. Mais tarde, você pode ter algo que dispara e executa tarefas para você”, disse Sam Altman sobre a inovação.