Anvisa proíbe uso de furadeira de parede em cirurgias !!!
Um dia depois de a Associação Médica da Paraíba ter denunciado o uso de furadeira de parede em cirurgias cranianas no maior hospital do Estado, a Anvisa informa o óbvio: Proibida pela Agência de Vigilância Sanitária, a utilização desse tipo de equipamento (na foto ao lado) submete os pacientes a grave risco de saúde.
Manifestou-se pela Anvisa o gerente da agência na Paraíba, Ivanildo Brasileiro. Ele falou nas pegadas do médico Ronald Farias.
Membro da associação dos médicos paraibanos, o doutor Ronald sustenta que cerca de 35 pacientes vêm sendo operados com furadeiras de obra. Os procedimentos, segundo ele, ocorrem no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa.
O equipamento adequado, chamado craniótomo (imagem à direita), estaria quebrado há mais de um ano. Equipes da Vigilância Sanitária realizam uma inspeção no hospital. “Caso seja encontrada alguma irregularidade, a unidade será notificada”, disse Ivanildo. “Caso um equipamento irregular seja encontrado, faremos a apreensão imediata”, acrescentou.
A denúncia do uso de furadeiras convencionais em cirurgias consta de ação civil movida pelo Ministério Público Estadual. O processo corre na 2ª Vara da Fazenda Pública da Capital da capital paraibana. A furadeira é apenas parte da encrenca.
Chama-se João Geraldo Barbosa o promotor de Justiça que assina ação. Os problemas do hospital lhe foram relatados por uma cooperativa de neurocirgiões. “Dentre os problemas relatados pela cooperativa constava essa do uso da furadeira˜, conta o promotor. “A partir daí, dei entrada em ação denunciando essas questões.”
“O Judiciário tem conhecimento dessa denúncia. Se o médico está ou não falando a verdade, cabe à Justiça apurar.”
O secretário de Saúde da Paraíba, Waldson Dias de Souza, manifestou-se por meio de nota. Escreveu: “As informações divulgadas são infundadas…”
“…Não passam de perseguição política, produzida por pessoas que não estão preocupadas e comprometidas com a melhoria do sistema de saúde da Paraíba.”
O texto do secretário anota que o hospital dispõe de dois craniótomos e três equipamentos chamados de trépanos.
A Cruz Vermelha, organização social responsável pela administração do hospital do Trauma da Paraíba também divulgou uma nota.
O texto destoa da manifestação do secretário: “Os craniótomos estão quebrados há mais de um ano, já foram consertados e voltaram a não funcionar.”
A Cruz Vermelha alega que o problema é anterior ao início de sua gestão no hospital. Acrescenta que novas revisões nos equipamentos “já estavam contemplados para a próxima leva de manutenção – nesta semana.”, e informa: “Caso não apresentem condições para aproveitamento, estaremos providenciando a compra de novos equipamentos.”
Sem prejuízo da manutenção, a entidade diz ter disponibilizado para a equipe médica “três trépanos novos e duas furaderias neurocirúrgicas.” Não menciona datas. De resto, a Cruz Vermelha diz não ter recebido queixas dos medicos. “Qualquer situação desta natureza é protocolada…”
“…E o protocolo de entrega é o documento fundamental que comprova o encaminhamento das questões…” “…Não localizamos, nem mesmo em períodos anteriores à gestão Cruz Vermelha, quaisquer documentos com manifestações ou relatos desta natureza por parte do corpo clínico.”