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Índio tem dia de cacique !!!

Candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, o deputado Índio da Costa (DEM) levou as mãos à borduna. Pintado para a guerra, Índio participou, na sexta (16), de um bate-papo cibernético com internautas plugados no sítio “Mobiliza PSDB”.

De saída, o deputado encomendou aos interlocutores da web que lhe dirigissem perguntas “picantes”. Nas respostas, desferiu golpes abaixo da linha da cintura. Numa de suas bordoadas, vinculou o PT da rival Dilma Rousseff a atividades criminosas.

“Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso”. Noutro ataque, apontou o tacape na direção de Dilma. Insinuou que, eleita, a candidata dará um “chute em Lula”. E governará com o naco mensaleiro do PT.

“Quem nos garante que no dia seguinte à eleição ela não vai fazer o que no Brasil é comum entre criatura e criador?…”

“…Dá um chute no Lula e vai governar sozinha, com as garras do PT por trás dela. Em janeiro, se a Dilma é eleita, o Lula volta para casa…”

“…Mas o PT fica, com todos aqueles mensaleiros. O Lula tem poder sobre eles, mas eles têm muito poder sobre a Dilma”.

Lero vai, lero vem, Índio relatou uma viagem que diz ter feito a Cuba. Disse ter circulado com uma revista que fazia, na capa, a associação entre as Farc e o PT.

“Ia para tudo que era canto com ela debaixo do braço. Até queria ser preso, para ver como é que era lá em Cuba essa história que tanto falam…”

“…Mas é um horror aquilo. Vocês não podem imaginar. Coitado do cubano”.

Referia-se à “Veja” que, em março de 2005, escorara uma de suas capas num relatório da Abin.

Um documento que, segundo a revista, apontava o envio de US$ 5 milhões das Farc para a campanha eleitoral do PT, em 2002.

Naquele ano, Lula derrotara na corrida presidencial o mesmo Serra que agora mede forças com Dilma Rousseff. O PT sempre negou o vínculo monetário com o grupo guerrilheiro da Colômbia. E a notícia remanesce até hoje pendente de comprovação. No sábado (17), o tucanato foi o primeiro a acusar os golpes do vice de Serra. O vídeo com as declarações de Índio sumiu do “Mobiliza”, o sítio tucano.

Mas o vice Índio, como que tomado de fúria, investiu contra Dilma também no seu micro-blog. Irritou-se com uma declaração da candidata em comício do PT. Sobre o palanque montado na Cinelândia, no Rio, Dilma dissera que o vice dela, o pemedebê Michel Temer, “não caiu do céu”. Uma estocada no ‘demo’.

É Índio, no twitter: “Candidata do PT diz que eu caí do céu na chapa do Serra. Para uma atéia, deve ser duro ter um adversário que cai do céu…”

Noutra nota, Índio escreveu que respeita “todas as crenças e opções”. E voltou a escalar sobre Dilma: “Ela lá é que dissimula sobre religião”.

Mais adiante, acrescentou: “O correto é assumir o que você é. Ela nem consegue olhar nos olhos do eleitor. Esfinge do pau oco”.

Procurada, Dilma mandou dizer, por meio da assessoria, que não responderia às provocações de Índio.

Em sabatina realizada pela Folha em 2007, Dilma dissera que não estava convencida da existência de Deus: “Eu me equilibro nessa questão. Será que há? Será que não há?” Agora, em campanha, ela se diz “católica” sempre que inquirida sobre o tema.

No instante em que José Serra e o seu PSDB manuseiam panos quentes, o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), levou as mãos ao galão de gasolina.

Agora é Paulinho, Filho de Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM, que sai em defesa do vice de Serra. Fez mais: reiterou os ataques que o colega Índio da Costa (DEM-RJ) dirigira ao PT. E lançou dúvidas sobre os pendores democráticos de Dilma Rousseff.

Paulo Bornhausen manifestou-se por meio de seu microblog. Ele ratificou a vinculação que Índio fizera entre o PT, a guerrilha colombiana e o tráfico de drogas.

Anotou: O “vice Índio falou o que todos já sabem: o PT tem ligações umbilicais com as Farc, que, por sua vez, vive do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir!”

Noutra nota, Bornhausen fez uma analogia entre o petismo, a candidata de Lula e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Escreveu: “O PT e Dilma odeiam o tal ‘Estado de Direito’. Gostam mesmo é do controle social da mídia e de coibir os órgãos fiscalizadores. Xô, chavismo!”

Mais adiante, retomou a linha inaugurada por Índio. Disse que, além de ser “aliado das Farc”, o PT acolheu um membro da guerrilha no Brasil.

Recordou: “Deu asilo ao Olivério Medina, porta-voz das Farc, e empregou a mulher dele no Planalto”.

Acrescentou: “A turma da patrulha petista está a todo vapor. O medo de perder a boquinha é grande. Não adianta chorar. Serra/Indio: o Brasil pode mais!”

Curiosamente, o timbre empregado por Bornhausen destoa até do tom moderado que Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM, decidiu empregar.

“Não dá para cravar que o PT tenha relação com as Farc”, disse Rodrigo. O pai dele, Cesar Maia, ex-prefeito do Rio e mentor de Índio, também optou pela moderação.

Em vez de endossar as declarações de Índio, Cesar Maia preferiu interpretar as acusações do pupilo, atenuando-as: “Creio que ele queria ter dito ‘pessoas do PT’…”

“…O PT como partido –e pela sua diversidade, especialmente pela hegemonia do sindicalismo— não tem essa ligação” com as Farc e o narcotráfico.

José Serra evitou desaprovar Índio em público. Numa aparição que fez neste domingo (18), foi crivado de perguntas sobre o tema. Abespinhado, silenciou.

Em privado, porém, Serra considerou inadequadas as declarações de seu vice. Avaliou que destoaram do discurso que pretende esgrimir na campanha.

Para desassossego do tucanato, as palavras ácidas de Paulo Bornhausen foram à web no momento em que Serra se prepara para visitar o Estado dele, Santa Catarina.

Acho que tanto o vice Índio quanto o Paulinho Bornhausen, estão até mesmo coerentes com o que o próprio Serra dizia dias atrás, quando acusou o PT, e o governo Federal, de parceria com o tráfico de drogas!

Será que enfim, o PSDB resolveu começar a agir para mostrar a verdadeira cara da petrelhada?

Colaboração: J.Souza