GERAL

Por escolas maravilhosas… !!!

Escolas são lugares maravilhosos. Neles vemos crianças, adolescentes, jovens e adultos interagindo no sentido da construção do hoje e do amanhã. São como jardins, pegando carona nas falas de mestre Rubem Alves, em que a dosagem correta de sol, água, cuidados e carinho nos permitem ver o crescimento, a maturação e a beleza.

Sou do tempo em que as escolas eram consideradas praticamente sagradas pelas famílias. O corpo docente era muito respeitado. Suas opiniões e participações devidamente consideradas. Não que constestar não fizesse parte do ambiente escolar, pelo contrário, a escola é para a comunidade atendida e, sendo assim, estava aberta para receber, ouvir, considerar e responder da melhor forma possível aos anseios e necessidades da sociedade.

Certamente há, na maioria dos lares, esta consciência e consideração em relação aos educadores ainda hoje. E, deste pensamento, deve surgir uma parceria real em prol do desenvolvimento dos alunos. A ação a se configurar com base neste jeito de pensar é real garantia para que a educação seja o meio pelo qual possamos construir um mundo mais justo, fraterno, democrático, ético e cidadão.

A crise de valores que tantas vezes vemos nas manchetes dos jornais, televisão, rádio, internet e todos os meios de comunicação, evidenciada com os casos de corrupção, violência, desmandos, abuso de autoridade, tráfico de drogas e tantas outras situações que reprovamos não pode atingir as escolas (ainda que as notícias nos digam, que há algum tempo, isso já está acontecendo).

É claro que deve ser ali discutida, pois a escola é parte da sociedade e, consciente de seu papel, não pode fechar os olhos a estas situações. Mas enquanto local que semeia o amanhã e tem um papel decisivo no hoje, precisa garantir que em seu espaço o debate ocorra dentro das regras da civilidade, da ordem, do respeito, da educação mesmo…

Autoritarismo, dedo em riste, imposições ou qualquer ação que signifique o uso da força e não a prevalência do diálogo, da argumentação, dos princípios democráticos e da ação em parceria, com cada qual assumindo seu papel e responsabilidades no que tange a educação de crianças e adolescentes e as repercussões presentes e futuras que tem e terá para suas vida constituem atentados claros ao que preconiza e se espera das escolas.

Fala-se tanto em bullying nas escolas, preocupação recorrente dos pais, mas a princípio esta agressividade e a necessidade de retaliar, ainda que secretamente, atingindo aos que parecem mais frágeis, não será um reflexo claro do que a sociedade, com tantos desmandos tem ensinado a nossas crianças?

Como sempre nos lembra Rosely Sayão, será que não estamos antecipando a maioridade de nossas crianças e adolescentes jogando-lhes ainda em tenra idade as preocupações do futuro, como a competitividade, a necessidade da produtividade, o consumismo como forma de compensação, a ideia de que não podemos nos frustrar e que devemos parecer sempre felizes?

Não que eles devam ser alienados daquilo que acontece no mundo ao seu redor e, nem mais podemos pensar dessa forma tendo em vista a avalanche de informações a que estes meninos e meninas têm acesso diariamente pela web e, em especial, pelas redes sociais nesta mesma internet. Não é isso!

É saber que os dramas do cotidiano já estão ao nosso redor, quer queiramos ou não, mas que a família e a escola, que devem estar de mãos dadas pelo hoje e amanhã destas crianças e adolescentes, precisam preservar a infância e a adolescência, protegendo e orientando para uma que tenham uma mente sadia, capaz de lidar com as dores e valorizar a vida, a beleza e os bons frutos das relações humanas.
A Escola é um lugar de ciência, consciência, conhecimento. É espaço de debate, de discussão,  de tolerância, onde a democracia se aprende e se concretiza. Acima de tudo, porém, a Escola é onde aprendemos a conviver, a nos relacionar, a respeitar, a entender o outro, a amar ao próximo.
Prof. Dr. João Luiz de Almeida Machado
é articulista e membro da Academia Caçapavense de Letras