CAÇAPAVA e região

Vale está despreparado para a epidemia do crack e do oxi !!!

Usuário de crack 

 
De corredor de maratona a andarilho de rua. Em um ano, a vida de A., 38 anos, mudou radicalmente.
 
Ex-professor de educação física, ele deixou profissão, mulher e filho para se dedicar em tempo integral ao crack.

Morando na rua em São José dos Campos, ele diz que já tentou largar o vício e buscar ajuda na rede pública de saúde, mas não conseguiu.

A situação de A. é semelhante a de milhares de dependentes do crack no Brasil, segundo mostra o Observatório do Crack, lançado no fim de abril pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

O mapa aponta que nenhuma das 39 cidades do Vale do Paraíba possui estrutura para reinserir o usuário à sociedade. O levantamento também mostra que nenhum município possui diagnóstico sobre o consumo do crack.

Para Luciane Ogata Perrenoud, psicóloga e pesquisadora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), as políticas de saúde pública são insuficientes para fazer o dependente deixar o vício.

O Observatório do Crack foi realizado por meio de um questionário enviado a todos os municípios do Brasil e respondidos até dezembro do ano passado.

As respostas foram organizadas em dez tópicos e disponibilizadas em um mapa no site: www.cnm.org.br/crack.

No Vale do Paraíba, oito cidades não responderam às perguntas. Entre os municípios que responderam, apenas quatro –Caçapava, Ilhabela, Cruzeiro e Pindamonhangaba– disseram oferecer tratamento.

“98% das cidades brasileiras enfrentam problemas com circulação ou consumo de crack e outras drogas, e até o momento poucos municípios receberam apoio dos governos estadual e federal”, diz Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

São José dos Campos afirma na pesquisa que faz campanhas de mobilização da população e orientação ao uso de drogas. Desde 2010, a cidade possui o Promad (Programa Municipal Antidrogas).

Sobre a reinserção social de dependentes, o secretário de Desenvolvimento Social de São José afirmou que uma parceria recém-realizada pretende resolver este problema.

“Uma entidade no Parque Interlagos está fazendo o tratamento dos dependentes. Quando ele demonstra evolução, o colocamos em um programa de geração de renda e capacitação”, diz o secretário João Francisco Sawaya.

Segundo ele, 95% dos moradores de rua têm dependência química. “Queremos primeiro recuperar a pessoa. Se dermos dinheiro ao usuário antes de ele estar curado, ele volta para a rua e compra drogas”.

Dependentes reclamam da assistência oferecida em São José. “Já tentei de tudo. Mas só me dão remédios. Me tratam como louco, não como dependente”, diz R., 32 anos.

Ele diz já ter tentado tratamento, mas como não há internação, sempre foge quando bate a abstinência. “É inexplicável. Eu saio do meu corpo. Só volto a realidade quando consumo o crack.”
 

A CNM lançou o Observatório do Crack, com um diagnóstico sobre como cada cidade está preparada para vencer a epidemia do crack

O estudo mostra que nenhuma das 39 cidades do Vale possui políticas para reinserir o usuário à sociedade

O intuito do projeto é pressionar o governo federal a investir no enfrentamento ao Crack

Nas ruas, drogas derivadas do crack surgem mais poderosas do que a pedra normal; é o caso do oxi e o crack colorido!