Comandante Niltinho

Comandante Niltinho: O dedão !!!

Vocês devem estar pensando que este título não poderia dar um conto. Pois estão muito enganados, não é que deu? E talvez seja o mais engraçado que eu já escrevi! E que voces nunca passem pelo que passei, pois, por causa desde “dedão”, quase fui tirado à tapa de um hospital!
Esta história começou quando fui pintar meu avião em Anápolis. Naquela época em que os americanos invadiram o Iraque, criando aquela revolta, muitas manifestações pela paz ocorreram, e eu também quis fazer a minha!
Depois de quebrar a cabeça, acabei encontrando uma forma muito original, e acabei pintando a palavra “Paz” nos dois lados do avião, começando do nariz e terminando na calda! Ficou muito lindo!
Como eu era muito amigo do piloto” Cabo Velho” e dono do hangar de Anápolis, ele reservou um apartamento para mim, e fiquei bem instalado. De tardezinha reuníamos,  pilotos, mecânicos e curiosos, e eu aproveitava para contar  os “causos” sobre o Pará, e era aquela farra!
Numa destas tarde, o Cabo Velho que era mais ou menos da minha idade, perguntou-me:
“ – Niltinho, você já fez exame de próstata?
– Eu não! Respondi meio assustado!
– Mas comandante, não acredito que você ainda não tenha feito? Olha sua idade, cabra, já está na hora de fazer o exame de toque! Está com medo ?
– Não é questão de medo, e sim de desconforto.”
 
 
Aquilo caiu como um aviso, e por desgraça tinha perdido recentemente meu sogro, vitimado por câncer, imaginem vocês aonde? Justamente na próstata! E não é que o desgraçado do Cabo Velho, acabou por convencer-me a fazer este bendito exame!
“ – Rapaz, aproveita que você está aqui em Anápolis, longe da sua terra, ninguém vai saber de nada, e faça logo este exame, vai ser bom para você que é jovem (50 anos, na época), vai voar muito ainda!”
O maldito falou tanto naquilo, que acabei marcando uma consulta num hospital, sem conhecer o médico, sem saber ao menos que tamanho tinha sua mão e principalmente seus dedos!

Esta história me fez lembrar uma outra, quando um amigo convenceu o outro a operar a hemorróida pois não ia doer nada, seria tranqüilo!
E não é que doeu prá burro, e quando o operado saiu do hospital todo dolorido, andando devagarinho, avistou aquele que tinha dito que não doía, no outro lado da calçada e gritou: “ – Venha aqui seu desgraçado, que quero te esganar, seu mentiroso! E o cabra não esperou, deu no pé (deve estar correndo até hoje para não ser pego pelo amigo)!
Com tudo isto, estava eu todo preocupado. Só meu amigo me encorajando:
“  – Quando é que vai ser?
– Amanhã, amanhã! respondia.”
E fui empurrando com a barriga!
Eu usava uma bota gaucha, salto alto, que me deixava uns cinco centimetros mais alto, e estava chupando uma laranja na porta do hangar, com meu inseparável punhal, (que, por incrível que pareça me acompanha ate hoje, já perdi tanta coisa na vida, até minha primeira mulher, porém o danado do punhal eu nunca dei conta de perder!),quando o pintor que estava pintando meu avião chegou, e logo foi dizendo:
“ – Vamos logo Niltinho, que vou deixá-lo no hospital, você esqueceu do seu exame? É hoje!”
Ele estava tão avexado, que não me deu tempo de pensar, se eu ia mesmo encarar o desafio, já tava com vontade de dar um giro de 180 graus!
“ – Espere pelo menos eu guardar meu punhal, bicho.
– Não dá tempo, estamos indo de carona, e o cara está com pressa!
– Está bem!“ respondi, e como não tinha outro lugar para guardar o punhal, coloquei-o dentro da bota! E não é que ele ficava tão bem ali, que volta e meia me esquecia dele.
Partimos para a cidade, ele deixou-me bem à porta do hospital, e ainda me disse:
“ – Seja feliz comandante!” E partiu com aquele sorriso de deboche no rosto. Quase o mandei á merda!
Entrei naquele monstro de hospital, onde só se via gente entrando e saindo, uns com expressão de felicidade, outros com cara de choro, e pensei comigo mesmo: coragem Niltinho, você não é o primeiro e também não vai ser o último a fazer este exame! Vá em frente homem!
Cheguei na portaria, e me apresentei.
“ – Moça sou o cara que veio fazer um exame de próstata
– Ah, sim, senhor Nilton Costa!
– Sou eu mesmo!
– Então sente ali e aguarde seu médico, porque ele ainda não chegou.
– Obrigado!”, respondi.
Juro que notei um leve sorriso em seus lábios, não sei se foi para mim ou se foi por outra coisa, mas que ela sorriu, tive a certeza!
Cada médico que entrava eu tratava de olhar bem para ele, e não deixava de olhar para as mãos, e perguntava:
– Moça, é este?
– Não!” respondia
Até que entrou um baixinho, assim do meu tamanho, mãozinha pequena, e eu logo me levantei, e perguntei:
– É este moça?
– Não, não é este.”
Porra que decepção! Tornei a sentar e fiquei aguardando.
E assim foi, entrava um, eu perguntava, entrava outro eu também perguntava, e sempre a mesma resposta, não. Até que entrou um grandalhão, que  me deixou assustado, com a mão tão grande, que jurava ser capaz de pegar uma bola de basquete brincando!
Aí eu levantei e com um fio de voz perguntei:
“- Não é este aí, não né?”
E ela com aquele sorrisinho que eu já tinha visto, me respondeu:
“- Pode acompanhá-lo, é ele mesmo!”
Moço, tive vontade de arremeter! E a danada da enfermeira fez questão de levar-me até na porta do consultório, talvez pensando que eu ia sair correndo (e é claro que eu estava pensado!)!
Eu parado na porta e a danada ainda me deu um empurrãozinho para dentro.
O médico me pareceu que sabia fazer seu serviço muito bem, colocou-me à vontade, com aquela conversinha que era necessário fazer aquele exame, que era muito simples, e que só era para meu bem e nada mais.
Juro que tive vontade de sair dali correndo, mas não havia jeito, o danado havia trancado a porta, eu estava me sentindo enjaulado, fui logo tratando de mudar o rumo da conversa.
– Doutor, será que aquele exame de sangue não é suficiente? Talvez não haja necessidade de fazer este  tal de toque”!
Quando eu falei isto, ele sentiu que, se não me pegasse ali, no tranco, não pegaria mais, e tratou logo de impor sua autoridade.
“ – Negativo! O único exame que dá 100 por cento de garantia é o toque, e nada mais!” e foi logo tratando de levantar-se e dirigir-se para uma sala ao lado, e reparei que, quando voltou, o seu dedo indicador já estava todo lambuzado com um o que parecia ser Glostora, (que se usava para pentear o cabelo no meu tempo), e foi logo mandando abaixar as calças e deitar na cama!
A cama, era daquelas em que se fazem os partos, com  duas alças elevadas, onde se colocam as pernas, e embaixo tem um rasgo que, no caso de parto, é por onde se tira o recén-nascido mas, no meu caso, serviria para o médico efetuar-me o exame de toque, o ele fez com uma tamanha rapidez que só deu para perceber um tunot (virar o avião em torno de seu eixo longitudinal) e dois loopings (subir até dar uma volta completa)!
Não vi mais nada, achei que ia desmaiar quando ele me disse:
“ – Pode levantar!” E foi ao lavatório recompor-se!
Eu ainda estava meio atordoado e, quando fui levantar as calças, ela havia se enroscado com o punhal que estava dentro da bota, fazendo-o cair ao chão!
Peguei-o de volta, e neste instante, o médico entrou de volta na sala e assustou-se quando me viu naquela posição, com o punhal na mão. Moço, ele deu um tamanho grito e foi logo dizendo:
“ – Calma moço, calma, o que você esta fazendo?”
E eu, com cara de inocente, tentando explicar que não era aquilo que ele estava pensando, somente um costume da região norte, de usar uma peixeira dentro da bota, para a eventual necessidade de chupar uma laranja, e nada mais!
Eu não sei se isto o convenceu, só sei que ele tratou logo de dizer que meu exame foi perfeito, eu não tinha nada, e que não havia necessidade de eu voltar nunca mais!
Vocês sabem, desconfio até hoje que o veredicto do exame, não foi lá muito convincente, e, às vezes,  tenho vontade de lá voltar para confirmar!
Só não volto, porque acho que talvez ele não tenha gostado de mim e não queira me receber mais! O que vocês acham?
 
Comandante Niltinho
é piloto de garimpo

 

2 comentários sobre “Comandante Niltinho: O dedão !!!

  • JC adorei a foto

  • Sem dúvida,é uma historia engraçada, sera que aconteceu desta forma mesmo?

Fechado para comentários.