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Fantasma recebe R$ 5 mil por mês na prefeitura de Taubaté !!!

Assessor fantasma da prefeitura de Taubaté 

Waldinei Oliveira Araújo, 48 anos, é pedreiro e vive em uma casa simples com a mulher e quatro filhos na periferia de São José dos Campos.

Na lista de vencimentos do governo Roberto Peixoto (PMDB), porém, ele apareceria com um salário de R$ 5.000 por mês, ocuparia cargo de confiança.

O vínculo de Araújo com a prefeitura é confirmado pelo INSS. De acordo com o cadastro da Previdência, o pedreiro foi “contratado” pela administração em 2001 como servidor temporário. Em 2008, passou à condição de funcionário de carreira.

Araújo diz ter descoberto seu vínculo com a Prefeitura de Taubaté por acaso no começo deste ano, quando foi ao INSS requerer um auxílio financeiro para uma filha que é portadora de deficiência física. Na agência de São José, recebeu a informação de que o dinheiro não foi aprovado por ter um salário incompatível com o perfil de quem recebe esse benefício.

“Me disseram que eu estava empregado na Prefeitura de Taubaté e que recebia um salário de R$ 5 mil”, disse o pedreiro. “Até o começo deste ano, nunca tinha nem pisado em Taubaté.”

Araújo diz ter procurado a prefeitura em março deste ano para tentar esclarecer o caso. Após passar em várias salas, recebeu de um funcionário um documento para ser assinado.

“Eu não assinei. Disse que não poderia assinar sem saber sobre o que se tratava.”

Ainda assim, o funcionário que atendeu o pedreiro teria confirmado que a situação estava resolvida, o que não ocorreu. Araújo tentou novamente o benefício, sem sucesso, e decidiu procurar a ajuda de um advogado.

O representante, José Omir Veneziani Júnior, disse que os fatos apontam para um uso indevido do nome do pedreiro. “Tudo nos leva a crer que a identidade dele foi usada para que alguém receba o salário, porque até o RG e CPF dele constam na prefeitura.” Júnior apresentou o caso à Polícia Federal de São José, para possível investigação.

“Não quero indenização, nem me beneficiar de nada. Só quero o auxílio para a minha filha”, disse Araújo, que diz sustentar a família com uma renda entre R$ 800 e R$ 1.000, obtida como autônomo.

O assessor para assuntos políticos da prefeitura, Jacir Cunha, negou a existência do “servidor fantasma” na folha de pagamento da administração.

“Procuramos em todo o cadastro e não temos ninguém com esse nome”, disse.
O ex-prefeito José Bernardo Ortiz (PSDB), que governou Taubaté entre 2001 e 2004, disse desconhecer o caso. “Por nome não me lembro, mas acho difícil que isso tenha acontecido porque todos os novos funcionários passavam pelo meu gabinete”, afirmou. “Podem ter feito essa contratação depois do fim do meu governo e colocado uma data anterior.”