Comandada por réu, CCJ analisa anistia a mensaleiros !!!
João Paulo, réu no processo do mensalão, levou à pauta de votações da CCJ uma proposta descarada. De autoria do ex-deputado Ernandes Amorim (PTB-RO), sugere o inacreditável: a anistia dos três únicos deputados que tiveram os mandatos passados na lâmina por conta do escândalo de 2005. Seriam beneficiados José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Correia (PP-SP).
O primeiro frequenta a ação penal do Supremo como “chefe da quadrilha”. O segundo foi convertido pela Procuradoria de denunciante em cúmplice. O terceiro é um dos tantos políticos que se serviram das verbas sujas providas pelas arcas delúbio-valerianas do esquema que tisnou o primeiro reinado de Lula.
Na justificativa do projeto, Ernandes Amorim não invoca a inocência da tróica. Limita-se a apresentar os candidatos à anistia como injustiçados: “Não se justifica a manutenção da pena de inelegibilidade apenas para os três parlamentares cassados em plenário, designados arbitrariamente para expiar a culpa de grande parte dos parlamentares.”
A proposta companheira foi sorrateiramente enfiada na pauta da CCJ junto com outro projeto que trata do mesmo tema. Redigiu-a o deputado Neilton Mulim (PP-RJ). Propõe o oposto: que seja proibida “a concessão de anistia aos agentes públicos que perderam a função pública em decorrência de atos antiéticos, imorais ou de improbidade.”
Quer dizer: caberia aos membros da CCJ optar entre a imoralidade e a retidão. Ganha uma cópia dos autos do mensalão quem for capaz de adivinhar o resultado. A votação foi marcada para quarta-feira (9) da semana que vem. Responsável pela elaboração da pauta, o presidente-mensaleiro da CCJ foi procurado, e fingiu que não era com ele: “Eu não pautei.” Como assim? “Essa pauta deve ser remanescente. Eu não vi esse projeto.”
Para desassossego, o presidente descuidado João Paulo não se deu por achado: “Nem sei por que isso foi para a pauta.” Heimmm?!? “Alguém deve ter pedido para colocar o outro projeto, do Mulim (o que proíbe a anistia) e esse (que perdoa os mensaleiros) veio junto.”
Pilhada em pleno vôo, a manobra deve ser abortada. Pelo menos é o que declara João Paulo, agora mais alerta do que escoteiro novo: “Vou montar a pauta ainda e te garanto que isso não vai ser apreciado”, disse o presidente petê da CCJ!
“Aquilo que estava lá era só uma sugestão de pauta, não tem nada a ver esse projeto estar lá.” De fato, o projeto redentor não tem nada a ver. É tão absurdo quanto a presença de João Paulo no comando da maior e mais importante comissão da Câmara.
Quando o PT indicou o mensaleiro João Paulo Cunha para presidir a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, o gesto foi visto como escárnio. No instante em que se imaginava que ficaria nisso, descobre-se que a zombaria, por ilimitada, invadiu a pauta de votação.
Eita país desqualificado esse nosso brasil politico. É o cabrito tomando conta da horta. É a libguiça comendo o cachorro. A pedra mais quento de inferno está reservada a essa classe ignóbel.