Colunista de O Globo critica churrasco de Lula com ministros do STF
Na sexta-feira 26, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu um churrasco no Palácio da Alvorada. A festa reuniu magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), líderes partidários e ministros de Estado.
Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, criticou o encontro em artigo publicado neste domingo, 28. “Não causou espanto pela frequência com que ministros do Supremo se encontram em Brasília com políticos, advogados e empresários em reuniões informais, mesmo quando esses respondem a algum processo que está ou poderá estar em votação no STF.”
Entre os magistrados que participaram do churrasco estavam Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. “Considerado o mais influente ministro do Supremo, Gilmar Mendes encontrou um concorrente à altura em manobras de bastidores no ministro Alexandre de Moraes, assim como já tivera no ministro Luis Roberto Barroso um constitucionalista de saber tão reconhecido quanto o seu”, escreveu o colunista. “Essa promiscuidade brasiliense não é prerrogativa da nossa capital, embora a discrição seja maior na maioria dos países.”
Moraes, o “poderoso de Brasília”
O jornalista ainda afirma que Alexandre de Moraes é o novo poderoso de Brasília, com o destaque que tem tido suas ações, “muitas vezes contestadas, mas indubitavelmente relevantes para a defesa da democracia.”
“Movimentou-se para que as duas vagas abertas no Tribunal fossem preenchidas por indicações suas, o que aconteceu em tempo recorde. Num dia, Moraes teve um almoço com o presidente Lula, no dia seguinte os dois advogados estavam nomeados. Moraes agora controla totalmente o plenário do TSE, o que o transforma em um poderoso partícipe do jogo político de Brasília.”
“Antes mesmo de ter conseguido nomear dois advogados ligados a ele, Alexandre de Moraes já conseguira a condenação, por unanimidade, do ex-promotor da Lava-Jato Deltan Dallagnol, que perdeu seu mandato de deputado federal no TSE. Além do voto de relator, os demais ministros levaram cerca de 1 minuto para condená-lo, votação tida como articulada por Alexandre de Moraes, que queria uma decisão sem dissidências para fortalecer o tribunal. Pelo menos um ministro garantiu a Dallagnol que votaria a seu favor, mas mudou de ideia.”