Por que Lula teme a CPI dos atos de 8 de janeiro?
De todos os esforços que o governo Lula fez durante estes seus primeiros meses, poucos têm sido tão frenéticos quanto o seu ataque sem trégua para impedir a instalação de uma CPI destinada a investigar os atos de violência contra os edifícios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, em Brasília. É como se esse fosse o principal, ou o único, programa de governo do PT até agora. Não é o avanço da economia, a criação de empregos, ou o “combate fome”, ou qualquer das miragens prometidas por Lula durante a campanha eleitoral. Não é um projeto para construir alguma coisa; é para destruir. É, em suma, uma batalha campal na qual está valendo tudo, a começar pela compra aberta de votos de deputados e de senadores. Fique contra a CPI. Ganhe, em troca, verba pública, cargos no governo e outras esmolas gordas.
Por que será, não? Num ambiente em que houvesse um mínimo de honestidade e de determinação sincera em apurar o que realmente houve, o governo Lula deveria ser o primeiro e o mais radical defensor da CPI – não foi ele, afinal, a vítima principal do ataque “terrorista” de Brasília? Não era Lula que os autores dos atos de vandalismo queriam derrubar? Porque, então, essa súbita guerra contra a tentativa de esclarecer os fatos por parte do Congresso? Nos primeiros dias, o PT, a esquerda e adjacências se lançaram a uma gritaria histérica em favor da CPI – sua ideia fixa, na ocasião, era reprimir, punir, prender e esfolar os “golpistas”. O presidente do Senado, num momento em que ficou especialmente excitado nas suas funções como despachante de Lula no Congresso, chegou a dizer que a “primeira assinatura” pedindo a CPI seria a sua. Hoje está entre os seus principais inimigos, da mesma forma como Lula e o PT. A neurose inicial, depois de alguns dias, foi sendo substituída pelo silêncio – não se falou mais em caçar “terroristas”, nem em investigar os fatos, nem em fazer mais nada. Transformou-se, hoje, em hostilidade aberta à CPI; quem é a favor da apuração é inimigo. A única punição que vale, no caso do 8 de janeiro, é o surto de prisões em massa comandado pelo STF e escondido do público – isso sim, uma afronta sem precedentes ao direito de defesa, ao processo penal e ao resto da legislação brasileira.