Caso Americanas: o limiar da esperteza jurídica e financeira
Em recuperação judicial há mais de um mês, as Lojas Americanas enfrentam uma crise desde a revelação de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, as quais, posteriormente, o próprio grupo admitiu que os débitos podem chegar a R$ 43 bilhões, e talvez a até mais um pouco, situação que, além de causar espanto na comunidade, sinaliza um mar de problemas de natureza financeiros para credores, empregados, e demais sócios-investidores.
Na última terça-feira (7), as Lojas Americanas propuseram um aporte de R$ 10 bilhões aos credores por parte dos acionistas de referência: o trio de bilionários Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann. As partes, porém, não chegaram a um acordo. O aporte inclui um financiamento de R$ 2 bilhões. Sócios da 3G Capital, o trio tinha o controle do grupo até 2021. Embora tenham se desfeito de parte das ações, os bilionários permaneceram como os maiores acionistas individuais da empresa.
Este caso, aparentemente inédito na economia e na justiça do Brasil, revela um quadro inteiramente novo, que pode servir de exemplo para outros grupos em situação análoga, cujas facetas ainda não foram divulgadas, por conta da expectativa de sócios também bilionários, em relação aos precedentes resultados judiciais obtidos no caso Lojas Americanas, que se lhes assegurariam jurisprudência e norte, para minimizar o impacto financeiro decorrente de eventuais “inconsistências contábeis” não previstas, que ameacem o patrimônio individual de seus sócios.
É preciso que aja rigor e constância na fiscalização destes grandes grupos comerciais e até mesmo financeiros existentes, inclusive mediante legislação penal agravante, que favoreça a proteção de credores e principalmente empregados, os quais, em última análise, são os primeiros a serem prejudicados.
Enquanto corre o bololô das Americanas por aqui, seus sócios biliardários, Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann navegam, como sempre, em águas cristalinas, à revelia do rastro de sofrimento e prejuízo deixado pelos caminhos!