Locomotiva única no mundo é reformada por soldador da prefeitura!!!
O pioneiro do MPAM – Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, Roberto Eduardo Lee nasceu em São Paulo em 1934, e tinha, desde a adolescência, grande paixão pelos automóveis antigos.
Em 1948, aos 14 anos, adquiriu com alguns amigos seu primeiro carro, um Fiat 1926 de 7 lugares. Depois do Fiat vieram outros modelos ainda mais raros. Entre eles um Hispano-Suiza 1911 Afonso XIII, comprado em estado precário e restaurado; um Talbot 1922; um Turcat Méry de 1903. Em 1960, Roberto Lee fundou as bases do que é hoje chamado “Antigomobilismo”. Na companhia de outros apaixonados por carros antigos, percorria o Brasil em busca de automóveis antigos para sua coleção.
Em 1963, surge oficialmente o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, localizado ainda na capital Paulista. Nesse mesmo ano o governo do Estado de São Paulo considerou o local como sendo de utilidade pública por meio do Decreto-Lei nº 42.252, tamanha era a importância do acervo, Roberto Lee foi o primeiro colecionador a fundar oficialmente no Brasil um museu de automóveis antigos para visitação pública.
Em 1964 o museu foi transferido para a Fazenda Esperança, propriedade da família localizada aqui em Caçapava, onde o acervo foi abrigado em prédios centenários onde antes funcionava uma fabrica de amido.
O prédio principal fora convertido no salão de exposição com os veículos prontos e os mais representativos. Em 800 metros quadrados ficavam cerca de 53 verdadeiras obras de arte da industria automotivo. No museu não havia apenas automóveis. A coleção incluía motores automotivos e de aviões, bomba de gasolina, coletes de radiadores pendurados pelas paredes, miniaturas e até uma locomotiva alemã sem restauração.
Em seus anos áureos, o museu chegou a receber 250 visitantes por semana. Roberto Lee morreu em 16 de junho de 1975, aos 41 anos. Após sua morte, seu pai, Fernando Edward Lee, ainda manteve o museu aberto por alguns anos. O espaço fechou definitivamente em 1993.
Os veículos do acervo, permaneceram desde 1993 fechados nos galpões da Fazenda Esperança, tendo sido alvos de rapinagem por parte de bandidos, além de sofrerem os desgastes naturais decorrentes da ação do tempo, desabamento parcial de telhados e por dejetos de pombos e morcegos. Em meados de 2006, depois de vários contatos com a herdeira, Mariangela Matarazzo Lee, foi possível a assinatura de um acordo de transferência à municipalidade e recuperação do acervo, chancelado pela Secretaria de Estado da Cultura, Condephaat e Secretaria de Justiça do Estado.
A locomotiva Orenstein & Koppel, fabricada na Alemanha em 1921, configuração 0-6-2T+T, no. de série 9710, com a incomum bitola de 500 mm., chegou ao Brasil em 1936, comprada nova, pela empresa A.O.Coimbra & Cia, tratando-se de uma peça única no mundo, chegou ao Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas em Caçapava, por volta de 1970, ficando estacionada entre os galpões onde estavam os veículos, exposta ao tempo, o que acabou agravando o seu estado de conservação.
Para se ter uma ideia, enquanto Roberto Lee era vivo e vinha à Caçapava, ao chegar encontrava a locomotiva em pleno funcionamento e tocando seus apitos, como forma de “avisar” a cidade, da sua chegada.
Pois bem, foi exatamente esta locomotiva que, por ignorância e descumprimento de regras básicas para manipulação de acervos históricos de tal monta, o prefeito de Caçapava Fernando Diniz, expert em assuntos relacionados aos trilhos que passam pelo centro da cidade, e seu Secretário de Cultura Fabrício Correia, alienígena joseense cujo único interesse local é o salário que ganha, ambos interessados nas manipulações políticas ligadas à eventualidade de REFORMAR a locomotiva acima citada, para depois expô-la no pátio da estação, entre os prédios particulares, reformados pela Prefeitura de Caçapava.
E assim o fizerem transportando então, de forma inadequada e sem os devidos cuidados, a locomotiva da Fazenda Esperança até a área da Usina de Asfalto da Prefeitura, onde um funcionário soldador (com todo o respeito ao profissional), especializado em fazer portões, é obrigado a fazer uma REFORMA mequetréfica, sem quaisquer cuidados com os valores históricos e materiais de qualidade diferenciada para, em seguida, a locomotiva ser exposta no pátio da estação, para crianças brincarem.
Reformas de dois prédios particulares pertencentes à MRS Logística (que ficam dia e noite com todas as luzes internas acesas e à noite também as externas), corte indevida de uma árvore existente ao lado do Armazém de carga simplesmente para dar melhor visão ao prédio (provou-se a posteriori que a arvore em questão estava perfeita, sem brocas), reforma, isto mesmo reforma e não restauro, da Locomotiva do acervo de Roberto Lee, única no mundo, e tudo isto simplesmente para atender caprichos da mulher do prefeito, enquanto a cidade padece de falta de iluminação pública, abandono de obras, vias esburacadas, saúde estraçalhada e outras coisas mais.
Lamentável!