GERAL

Reestruturação: a GM virou um grande sindicato!!!

A apresentação do plano de reestruturação proposto por executivos da General Motors Mercosul aos empregados de São José dos Campos, além de provocar apreensão generalizada, fornece uma inequívoca intenção da empresa em, finalmente, colocar um “pingo nos is”, na baderna criada pelos sindicatos do setor que, com a bandeira da greve à frente, conseguiram aprovar “avanços sociais” de efeitos duvidosos e inexoráveis reflexos por toda a malha industrial local e, por consequência, a nacional.

Os “avanços sociais” conseguidos, além de encarecer a mão de obra, colocando-a em destaque perante os custos de fabricação, acabaram por forçar o planejamento da empresa,  a desconsiderar regras básicas de mercado, fazendo com que o preço dos veículos por ela fabricados, fossem artificialmente inflados, sem prejuízo da lucratividade, ainda que as vendas não atingissem os patamares ideais previstos.

Agora, com a principal carta deste baralho nas mãos (o fechamento das fábricas no Brasil), a direção da GM apresenta um plano de reestruturação, que mais tem a cara de início das atividades de um novo sindicato, onde os “avanços sociais” retornam à níveis mais sensatos e equilibrados, e cujos efeitos também serão sentidos e assumidos pela indústria brasileira.

Vejam:

Pauta de reestruturação da GM SJC

1. Negociação da PLR com revisão de regras de aplicação, prevalência da proporcionalidade, transição pra equivalência salarial e inclusão da produtividade (absenteísmo).

2. PLR por 3 anos sendo, 0% no 1º ano (2019), 50% no 2º e 100% no 3º ano.

3. Nova grade salarial para toda a planta de SJC para horistas e mensalistas, progressão salarial com congelamento para o ano de 2019 e nova tabela salarial, inclusive para cargos especializados.

4. Formalização de acordo coletivo de longo prazo, 2 anos e renováveis por mais 2 anos.

5. Negociação de valor fixo em substituição ao aumento salarial para os horistas e meritocracia para os mensalistas, sendo, 0% no 1º ano (2019), 60% no 2º e 100% (da inflação) no 3º ano.

6. Implementação do trabalho intermitente por acordo individual e coletivo (explicação abaixo).

7. Terceirização de atividades meio e fim.

8. Jornada de trabalho de 44 horas semanais para contratações novas.

9. Piso Salarial de R$ 1.600.

10. Redução do adicional noturno para percentual previsto em Lei (20%).

11. Supressão de pagamento de hora extra, com adicional diferenciado limite de 29,275 horas.

12. Redução do período de complementação do auxilio previdenciário para 60 dias, limitado a 1 evento (afastamento) por ano.

13. Introdução de cláusula no acordo coletivo de trabalho regulando a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho (lay-off).

14. Revisão, inclusão, exclusão de adequação das cláusulas sociais.

15. Exclusão da garantia de emprego aos empregados acidentados.

16. Cláusula regrando a adoção de termo de quitação anual de obrigações trabalhistas.

17. Acordo específico de flexibilidade de jornada de trabalho por meio do banco de horas.

18. Rescisão no curso do afastamento para empregados com tempo para aposentadoria.

19. Desconsideração de horas extras extraordinária. 

20. Trabalho em regime de tempo parcial.

21. Jornada especial de 12h por 36h. 

22. Ajuste na cláusula de férias com parcelamento previsto na Lei.

23. Inaplicabilidade de isonomia salarial acima de 48 meses para grade nova (explicação abaixo).

24. Suspensão da contribuição da GMB por 12 meses do PreviGM.

25. Alteração do plano médico.

26. Renovação dos acordos e flexibilidades existentes.

27. Manter o acordo de manutenção e escala sem pagamento das folgas.

28. Fim do subsídio do transporte ou inclusão de linhas regulares, ou seja, acabar com o transporte e colocar circular.

Uma proposta deste nível, indica com segurança, o fim das propostas de “avanço social” sem minuciosa avaliação do impacto de sua implementação na economia e na sociedade, sob pena de representarem, como de fato ocorreu, ações surgidas dentro de perspectivas grevistas inexatas, cujas paralisações afetam os níveis de produção e vendas, corroem consequentemente a lucratividade, além de desequilibrar a competitividade da mão de obra por toda a indústria nacional.

Salve-se quem puder!