Via Dutra: Serra das Araras pede socorro!!!
Com seu traçado original de 1928, a pista de descida da Serra das Araras, trecho da Rodovia Presidente Dutra entre Piraí e Paracambi, no estado do Rio, tem curvas acentuadas que dificultam a circulação de cargas. Um exemplo é o tráfego de cargas especiais – com grandes dimensões ou muito pesadas. A via, no entanto, recebe oito cargas desse tipo por dia.
E, desse total, uma em cada cinco precisa de bloqueio e inversão de pista para continuar seu trajeto. Cada operação desse tipo gera, em média, três quilômetros de engarrafamento, com cerca de 1 hora e 40 minutos de duração cada um, o que transforma o trecho em um dos principais gargalos da infraestrutura logística fluminense. Além disso, a estrada sinuosa registra o maior índice de acidentes da rodovia: 500 por ano, o equivalente a mais de um acidente por dia.
“Sou usuário da Serra das Araras. Fui prefeito na época da concessão da Via Dutra. Só quem conheceu a Dutra antes vai entender os avanços da concessão, mas ainda há uma série de problemas nessa região. Uma pista de 1928 não comporta os caminhões de hoje, eles não conseguem fazer a curva.” declarou o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, durante um seminário sobre infraestrutura fluminense, no último dia 28.
Um projeto de remodelação da Serra das Araras desenvolvido pela CCR NovaDutra e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pode ajudar a solucionar o problema. Para se chegar à proposta de revitalização, foram estudadas 17 opções por técnicos e especialistas. A escolhida contempla a construção de uma nova pista de subida e a transformação da atual pista de subida em pista de descida, tendo o seu traçado melhorado, com a eliminação de curvas perigosas, por exemplo.
O projeto prevê 17 viadutos e pontes, totalizando pouco mais de seis quilômetros, além de um túnel de 430 metros de extensão. A obra está incluída numa lista de melhorias apresentada pela ANTT em audiências públicas realizadas neste ano. As contribuições de todos os grupos de interesse (sociedade, autoridades, políticos, população, entre outros) estão atualmente em análise pela agência. Viabilizar as obras De acordo com a CCR NovaDutra, se a construção das novas pistas fosse autorizada hoje, a obra estaria concluída em 44 meses.
Para que seja iniciada, no entanto, é preciso definir a forma de pagamento desses investimentos, que pode ocorrer de três maneiras: o valor da obra ser transferido para a tarifa básica de pedágio, onerando o usuário; um aporte de dinheiro do Governo Federal para a execução da obra, o que se mostra inviável no atual momento econômico; ou a extensão do atual prazo de concessão da CCR NovaDutra para ressarcir a empresa pela obra, sem impactar a tarifa de pedágio nem onerar os cofres públicos. – O foco é salvar vidas e, por isso, as obras são absolutamente necessárias.
Com a melhora do traçado podemos não apenas aumentar a segurança como também a fluidez do tráfego de veículos. Em 60 dias, após a autorização da ANTT, a concessionária tem condições de iniciar as obras – explica Ascendino Mendes, diretor-presidente da CCR NovaDutra. Segundo estimativas realizadas pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em um estudo divulgado há uma semana, caso fosse necessária uma nova licitação e projeto, as obras levariam mais 15 anos para serem iniciadas. Esse período representaria um prejuízo de mais de R$ 651 milhões em logística, além do custo de R$ 146 milhões com acidentes e perdas irreparáveis de vidas.
Geração de empregos Para Mendes, o projeto também pode “contribuir para a retomada da economia”. A geração de empregos com as obras pode chegar à marca de 5 mil postos, entre diretos e indiretos até o 12º mês, segundo a concessionária. Fábio Luiz de Lima Freitas, diretor do departamento de concessões do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, concorda: – É o investimento que mais gera empregos a curto prazo no país. É preciso olhar para essas questões de uma forma diferente – defende. Outros resultados deverão aparecer, como o desenvolvimento regional, a melhora de opção de logística e novas aplicações de recursos do setor industrial e comercial.
A questão ambiental, que poderia ser um empecilho ao início das modificações, já está bem adiantada, como explica Ascendino Mendes. – Temos licenciamento ambiental do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) para começar a obra, especificamente para o trecho inicial e para o final. O que ainda falta está em fase de aprovação. O projeto foi desenvolvido para preservar o meio ambiente: viadutos vão passar por cima das copas das árvores, sem a necessidade de interferências prejudiciais à natureza, por exemplo. O presidente conta ainda que serão usadas ‘caixas de retenção’ com o objetivo de captar e armazenar combustíveis ou cargas perigosas em caso de acidentes, preservando o ecossistema da área.
Fonte: Infoglobo