A morte do maestro Sérgio Weiss!!!
Pouca gente sabe, mas o Biriba Boys nasceu de uma brincadeira no Tênis Clube, em São José dos Campos. Ainda menos gente sabe que o próprio Tênis Clube teve como um dos fundadores o maestro Sérgio Weiss, responsável por levar o nome de São José dos Campos para o Brasil todo em mais de quatro mil bailes. O maestro costumava explicar para quem não conhecia a cidade que “São José ficava perto de Taubaté”.
Sérgio é de uma época na qual o programa de final de semana era passear de balsa no Rio Paraíba. No Tênis Clube, em 1948, o piano velho chamava por ele. Os outros instrumentos foram chegando e o Biriba Boys nascia com um baile no clube. Alguém viu, levou a banda para outro baile em Caçapava, depois para Taubaté e depois para o Brasil inteiro.
Os companheiros de banda lembram do maestro como um músico que conseguia acompanhar de maneira muito natural a evolução da música no país. “Quando apareceu a bossa nova, fomos para esse lado. Depois vieram os Beatles e a gente foi atrás também”, lembra Celso Athayde, de 74 anos, guitarrista do Biriba Boys durante 10 anos.
Guilherme de Almeida Músico
O maestro conseguia ter essa versatilidade com o Biriba por uma razão bastante simples e genial: ele criou uma formação nova para um conjunto musical. Naquela época, as bandas poderiam ser grandes orquestras ou pequenos conjuntos. O que Sérgio fez foi criar uma formação intermediária, com 10 ou 12 músicos, que conseguiam cobrir uma gama enorme de estilos e gêneros musicais.
Mas não era só na música. Sérgio Weiss tinha, já naquela época, a visão do negócio. Entre os anos de 60 e 65 o grupo lançava um disco por ano. Criou figurino e uma estética própria. Tratava os músicos com decência e respeito profissional. “Tinha músico que vinha de São Paulo para querer tocar com o Biriba, porque o Sérgio sempre pagava em dia. Não tinha erro”, conta Guilherme de Almeida, de 78 anos, músico que acompanhou o maestro durante 25 anos.
Almeida foi talvez o maior e melhor amigo do maestro. Era tão próximo que foi a pessoa responsável por levar Sérgio e a esposa para a noite de núpcias em São Paulo. Foi também padrinho desse casamento e a amizade era “diária”, como ele conta.
O Biriba foi vendido em 1967, para os próprios músicos da banda. Foi um acordo parcelado no qual ele recebeu apenas as primeiras quatro das 12 parcelas prometidas. Isso nunca o aborreceu e era lembrado como uma piada entre os amigos.
Veio então o Brazilian Modern Six, um grupo bem mais moderno, com algumas pitadas de jazz, mais solto e com espaço para improvisos. “Mas quando ele percebia que tinha alguém exagerando, logo baixava a bola do sujeito”, lembra Celso Athayde com bom humor.
São José dos Campos perdeu seu maior expoente musical. Um músico que formou dezenas de outros bons músicos e que levou o nome da cidade para longe. Em seu velório, realizado na mesma Câmara Municipal que lhe concedeu a medalha Cassiano Ricardo, em 1974, um altar com suas obras mostram que está na hora de termos uma nova condecoração na cidade, talvez mais uma medalha com o nome de um sujeito calmo, talentoso, pai, marido e genial.
Que fique um aviso para os mesmos senhores que um dia poderão criar essa condecoração. O maestro disse uma vez em entrevista, em tom óbvio do seu comum humor refinado, que se quando morresse “colocarem meu nome em rua nesses bairros afastados, vou vir puxar o pé à noite”.
Caçapava foi palco de várias apresentações destas bandas fantásticas criadas pelo maestro Sérgio Weiss, as quais impulsionaram a vida social de algumas gerações, com bailes históricos, responsáveis pela formação de casais que hoje se constituem em grande parte das famílias do jet set taiada!
Um perda irreparável!