30 dias de férias !!!
Na aviação comercial, somos obrigados a tirar férias de 30 dias corridos sem deixar que vença o segundo período de direito a férias. Há aqueles que se pudessem, dividiriam este período de 30 dias, e há também os que não se incomodariam em vender parte delas. Fragmentar as férias seria bem interessante, mas vendê-las não, pois tripulantes sem férias regulares poderiam representar um sério risco para as operações aéreas.
Conheço pessoas que há anos não tiram férias! O máximo que conseguem é um pequeno passeio em um fim de semana prolongado em função de feriado. Ou até conseguem, mas se sentem tão pressionados pelo patrão, pela empresa, ou por outros motivos, que simplesmente não se afastam do trabalho. Na aviação comercial isto não ocorre, pois queira ou não, temos que nos afastar por 30 dias, e nem adianta o patrão pedir para você “quebrar um galho” e fazer um voo, sem chance! A empresa pode estar passando pelos seus piores dias, mas férias são férias. É bem verdade que há pilotos que, possuindo um cargo gerencial junto à chefia , acabam se envolvendo com o trabalho mesmo nas férias. Mas isto é uma excessão, pois a maioria não quer nem ouvir falar em trabalho!
Lembro que quando eu era novo na aviação comercial, estava sempre fazendo planos de viagem para as minhas próximas férias. A Varig possuía acordo com diversas empresas aéreas, e com isso, conseguíamos passagens baratas para praticamente o mundo todo. Não conseguia entender, quando conversando com os colegas “antigões”, eles me diziam que nas férias eles não iriam viajar de avião. Como poderiam deixar de aproveitar uma oportunidade de embarcar em um avião para um destino distante, e optar por uma viagem de carro? Ou ainda não viajar para absolutamente nenhum lugar mais distante que a casa na praia ou o sítio no interior do estado?
A verdade é que o tempo passou, eu de “novinho” já estou para virar “antigão”. O caos nos aeroportos é cada vez maior e frequente e os voos vivem cheios. Além do mais, os bons tempos de classe executiva com um belo serviço de bordo já eram. Hoje eu entendo perfeitamente aqueles que diziam que o melhor das férias era manter distância dos aviões e dos aeroportos. Nas minhas próximas férias vou colocar a mala de voo no fundo de um armário onde eu não possa vê-la e, de forma alguma, abrir a porta do armário onde guardo meu uniforme de voo. As obrigações de pai e marido não param nas férias, então vou continuar a levar e buscar os filhos várias vezes ao dia, além de acompanhar minha mulher em tarefas do dia-a-dia. Além disso, irei ao clube todos os dias que eu estiver disposto, talvez eu visite meu irmão em Ubatuba, e minha irmã que também não mora em São Paulo. Nada de e-mails corporativos, nada de escala e nem de pernoite.
Isso que é férias!
A propósito, estou de férias desde segunda feira, dia 16 de agosto. Uhuuuu!